Em 2019, 81% dos estudantes e 90% dos professores souberam de casos de violência em suas escolas estaduais e as ocorrências envolveram bullying, agressão verbal, agressão física e vandalismo
Pesquisa inédita realizada pelo Instituto Locomotiva e pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) revela que 54% dos professores já sofreram algum tipo de violência nas escolas. A presidente do sindicato e deputada estadual professora Bebel [Maria Izabel Azevedo Noronha] analisa os dados com preocupação.
"Os números demonstram que o estado não tem uma política para prevenir e reduzir o índice de violência nas escolas paulistas. É necessário que a Secretaria da Educação tome medidas para que este assunto seja debatido nas escolas. A violência não será resolvida simplesmente com medidas repressivas", disse Babel.
Em 2019, 81% dos estudantes e 90% dos professores souberam de casos de violência em suas escolas estaduais e as ocorrências mais frequentes de violência nas escolas estaduais envolveram bullying, agressão verbal, agressão física e vandalismo.
Entre os estudantes, há mais casos de bullying, citados por 62% deles, e entre os professores, as ocorrências mais frequentes são de agressão verbal, citada por 83% dos docentes. "O bullying é o ponto de partida para diversas violências", disse a presidente da Apeoesp.
Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, a violência, em todas as suas manifestações, frustra a vocação escolar. "É preocupante verificar a quantidade de professores e estudantes relatando episódios de discriminação, indicando que talvez ainda não estejamos sabendo lidar adequadamente com esse tema dentro das escolas. Quando o estado não consegue garantir paz nas escolas, nós temos um problema", afirmou.
Outro ponto da pesquisa mostra que 95% da população de São Paulo, 98% dos estudantes e 99% dos professores afirmam que o governo estadual deveria dar mais condições de segurança às escolas. Opinião semelhante tem a população do país: 93% dos brasileiros acreditam que o governo estadual deveria dar mais condições de segurança às escolas, revelou o estudo.
Entre a população, a grande maioria (77%) soube de algum caso recente de violência em escolas públicas. No estado de São Paulo, essa percepção atinge 79% da população. "A violência passa a fazer parte do território da aprendizagem, é essa a realidade das escolas", lamentou Meirelles.
Campanhas de prevenção
Quanto às campanhas de prevenção contra a violência nas escolas, em 2019, 57% dos estudantes disseram que a escola já fez campanha contra a violência. Em 2017 esse índice era de 78%. Entre os professores, 83% afirmam ter havido campanhas contra 84% em 2017.
Ainda segundo a pesquisa, aumentou o percentual de alunos que declararam que as escolas promovem campanhas contra discriminação e preconceito: 67% dos estudantes afirmaram que a escola realiza campanhas e conversas contra o preconceito.
Em 2017, esse índice era de 36%. Já 84% dos professores dizem que há campanhas. Em 2017, o índice era de 82%. A pesquisa mostrou também que 86% da população de São Paulo, 88% dos estudantes e 92% dos professores concordam que na escola deve ser possível conversar sobre todos os assuntos.
Mas, apesar de desejarem um espaço escolar livre para a reflexão e o debate de ideias, a pesquisou indicou que, entre estudantes e professores, um terço disse que já se sentiu constrangido ao expor alguma ideia.
Crise e cortes na educação
Para a população, saúde e educação são áreas que deveriam ser poupadas de cortes mesmo em períodos de crise. Para 45% dos entrevistados, a saúde vem em primeiro lugar e não deveria sofrer cortes. Em seguida, figuram educação, criminalidade, violência e geração de empregos
Para professores e alunos, educação e saúde também devem ser as áreas mais protegidas de cortes em períodos de crise, mas ambos citam que a educação deve vir em primeiro lugar.
Entre os estudantes, 47% citam a educação em primeiro lugar e, entre os professores, 74% querem ver a educação em primeiro lugar. E 84% da população acredita que economizar com educação compromete o futuro do país, disseram os entrevistados.
A pesquisa revelou ainda que 22% dos estudantes e 7% dos professores consideram o salário do professor de escola pública ótimo ou bom. Para 80% da população do estado de São Paulo, 82% dos estudantes e 97% dos professores os docentes são menos valorizados pelo governo do que deveriam.
Outro dado mostrou que 76% da população do estado, 79% dos estudantes e 97% dos professores acreditam que os professores no Brasil ganham menos do que deveriam.
O levantamento – realizado entre 5 de setembro e 1º de outubro – ouviu 1.516 pessoas com mais de 18 anos em 13 regiões metropolitanas, mil estudantes da rede estadual de ensino com mais de 14 anos, e 701 professores da rede pública.
A meta é monitorar a percepção da população e da comunidade escolar sobre qualidade da educação, segurança nas escolas e outros temas relevantes para a educação pública.
Com Agência Brasil