Está previsto que, ao todo, os testes com a CoronaVac , como foi batizada essa vacina, serão realizados em 9 mil voluntários em centros de pesquisas de seis estados brasileiros, com coordenação do Instituto Butantan
O governador de São Paulo, João Doria, disse esta semana que a vacina contra o novo coronavírus produzida por um laboratório chinês, em parceria com o Instituto Butantan, poderá estar disponível para a população brasileira a partir de janeiro de 2021. Isso, segundo o governador, vai depender se os testes da vacina forem bem-sucedidos.
“Já no final do ano, não havendo intercorrências na terceira fase de testes, poderemos iniciar a produção da vacina em dezembro e imediatamente iniciar a vacinação de milhões de brasileiros”, disse Doria.
No entanto, nem toda a população brasileira poderia ser vacinada em janeiro já que a produção ainda seria insuficiente para vacinar todo mundo. A expectativa é que inicialmente 60 milhões de pessoas no país sejam vacinadas.
Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, a Fase 3 vai demonstrar se a vacina produz anticorpos contra a covid-19 e se essa produção de anticorpos é sustentada, ou seja, se isso é mantido por um tempo prolongado.
“Como estamos no meio de uma pandemia, nada mais justo que as autoridades sanitárias promovessem emergencialmente a liberação. Se tenho segurança e estou produzindo anticorpos nesses três meses, vamos utilizar [a vacina para a população]. Claro que todo o estudo deve continuar até para saber se vai precisar dar doses de reforço com o decorrer dos anos”, justificou Gorinchteyn.
A CoronaVac, como foi batizada essa vacina, está na Fase 3 de testes em humanos, que está sendo realizada também no Brasil. Ao todo, os testes com a CoronaVac serão realizados em 9 mil voluntários em centros de pesquisas de seis estados brasileiros: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
A pesquisa clínica será coordenada pelo Instituto Butantan, e o custo da testagem é de R$ 85 milhões, pagos pelo governo. Caso seja comprovado o sucesso da vacina, ela começará a ser produzida pelo Instituto Butantan.
Fiocruz vislumbra vacina para dezembro
Paralelo ao governo do Estado, o Ministério da Saúde vislumbra que a vacina de Oxford, a mais avançada do mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode começar a ser distribuída para a população a partir de dezembro deste ano. Essa é a previsão da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que irá coordenar a produção no Brasil.
“A expectativa é que, até o fim do ano, os resultados positivos possam chegar, e a gente possa começar a pensar em registrar a vacina para produzir e entregar para a população”, disse o diretor da Fiocruz, Maurício Zuma, em entrevista a TV Globo. A previsão é de um primeiro lote, com 15,2 milhões de doses, pronto dezembro de 2020 e outro lote, com as 15,2 milhões de doses restantes, para janeiro de 2021.
Após essa produção, ainda seriam necessárias etapas de registro e validação, antes de uma possível distribuição, que irá priorizar profissionais da saúde e pessoas dos grupos de risco, como idosos e portadores de doenças crônicas. Ao término dos ensaios clínicos, se de fato, a vacina se mostrar eficiente e segura, começará uma segunda etapa, com a produção de mais 70 milhões de doses.
isso será possível graças a um acordo entre o Ministério da Saúde e um laboratório, que prevê a compra de insumos e transferência de tecnologia de Oxford para a Fiocruz. Trata-se de uma encomenda tecnológica em que a instituição adquire o produto antes do término dos ensaios clínicos. A ideia é posteriormente o Brasil dominar essa produção e se encarregar de todas as etapas de produção, sem depender do recebimento dos insumos vindos de fora.