Foto – Divulgação
Com o protótipo pronto, o equipamento, que ainda está em fase de testes, deve ser usado como ventilador mecânico em hospitais que dão assistência aos pacientes em tratamento contra o coronavírus
Alunos e professores da Fatec de Tatuí (SP), em parceria com o Tribunal de Justiça da cidade, fecharam um acordo para construir respiradores artificiais com custo mais baixo que os tradicionais para serem usados nos hospitais que tratam pacientes com a covid-19, o novo coronavírus.
Com o protótipo pronto, o equipamento, que ainda está em fase de testes para liberação, já tem funcionalidade definida e deve ser usado como um ventilador mecânico. O aparelho é essencial nos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para ajudar os pacientes diagnosticados com coronavírus.
O projeto nasceu durante as aulas de automação industrial na faculdade. Quem teve a ideia de desenvolver um equipamento mais simples e com a mesma eficácia dos que existem no mercado foi o estudante Enzo Grechi, de 16 anos.
Acostumado a observar o pai, que trabalha com sistemas de irrigação, criou um primeiro aparelho com válvulas simples e, depois, mostrou aos professores, que o ajudaram no aprimoramento até conseguirem chegar a esse respirador artificial.
"Eu fico muito feliz, como estudante, de ver uma coisa que começou pequena e foi crescendo dentro da nossa faculdade. Ver que essa ideia vai poder salvar vidas", conta Enzo.
De acordo com o diretor da faculdade, Mauro Tomazela, quando um protótipo é desenvolvido, ele passa por uma etapa experimental, sendo necessárias avaliações com testes de impacto, de pressão e também de volume, pois cada um dos pacientes terá um tipo de necessidade diferente.
"Todas essas normas de teste devem ser seguidas no desenvolvimento do protótipo e todos os testes de prototipagem de desenvolvimento já foram feitos pela equipe. Agora, os demais testes são para área médica, na qual será aferida a pressão e todas as condições do aparelho", explica.
O próximo passo é encaminhar o protótipo às equipes especializadas em laboratórios credenciados pela Anvisa. A aprovação de um equipamento tradicional leva em média oito meses, mas, por se tratar de uma situação de urgência e emergência, esse aval deve chegar em três meses.
Outra vantagem do protótipo é que esse tipo de equipamento tem um custo de produção 20% menor que os aparelhos já usados nos hospitais.
Conforme o professor Orlando Homem de Melo, todos os testes iniciais já foram feitos. "O próximo passo agora é realizar o teste de processamento e segurança, onde será analisada pelos laboratórios credenciados pela Anvisa toda a parte de operação."
Parceria
Todo o processo tem um custo maior do que as verbas disponíveis pela instituição de ensino. Por isso, foi criada uma parceria com o Tribunal de Justiça local.
O projeto foi apresentado a um dos juízes da cidade, que autorizou que os valores arrecadados por meio das penas pecuniárias, que são as penas revertidas em pagamento de multas, sejam destinados a entidades assistenciais e que possam também ser usados para a finalização do desenvolvimento de novos respiradores, que devem ser doados aos hospitais.
"A partir deste primeiro projeto de bancada, que está sendo testado e obteve grande efetividade, agora está sendo calculado por toda a equipe e o projeto será apresentado ao fundo das penas pecuniárias, de maneira que os recursos possam ser liberados e, aí sim, para a fabricação de mais componentes, que passarão por testes laboratoriais e registro junto ao órgão competente", explica o juiz Marcelo Salmaso.
Fonte G 1