Paciente foi submetida a um procedimento cirúrgico em São Paulo, à época, para correção do problema, mas com o tempo, a doença evoluiu e seu coração dilatou, sofrendo um enfraquecimento e o transplante se tornou o único caminho para sua cura
A palavra guerreira tem identidade. Elza Alves dos Santos Dipre, 66 anos, é da cidade de Balbinos (SP), tem seis filhos, e passou os últimos meses lutando pela manutenção de sua vida.
Dona Elza foi diagnosticada, há aproximadamente dez anos, com uma doença na válvula mitral do coração. Ela foi submetida a um procedimento cirúrgico em São Paulo, à época, para correção do problema. Porém, com o tempo, a doença evoluiu e seu coração dilatou, sofrendo um enfraquecimento. O transplante se tornou o único caminho para sua cura.
Histórico:
Em junho de 2021, dona Elza recebeu a notícia de que havia um órgão compatível e precisaria internar rapidamente para realização do procedimento cirúrgico. O que ela não sabia é que a partir daquele momento uma nova batalha pela vida teria início.
Quando a funcionária do lar deu entrada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) para realizar o transplante cardíaco foi diagnosticada com COVID. Mesmo assintomática precisou ficar internada para receber todos os cuidados, pois era considerada paciente de alto risco.
“Os médicos não entendiam como uma paciente como ela estava assintomática”, lembra a filha, Ana Alice Alves Dipre.
Com o passar dos dias dona Elza se recuperou e conseguiu realizar o procedimento com a equipe clínica do Transplante Cardíaco do HCFMB no dia 8 de julho. Foram oito horas de cirurgia.
Após algumas semanas de recuperação no próprio Hospital, dona Elza recebeu alta e voltou para casa com objetivo de continuar sua reabilitação. Com apenas 24h de alta, ela precisou retornar ao HCFMB por causa de uma arritmia.
“Novamente fizeram o teste COVID e deu negativo, porém ela tinha falta de ar. Foi realizada uma tomografia e no resultado apontou 50% de comprometimento dos pulmões”, lembra Ana Alice.
Os dias passaram e novo teste COVID foi feito, desta vez com resultado positivo. Com o agravamento dos sintomas, não restou alternativa a não ser a intubação. Foram mais de 30 dias intubada. Posteriormente houve necessidade de realizar traqueostomia e seu organismo não respondia de forma satisfatória. “Ela foi lutando um dia de cada vez”, diz a filha.
Foram semanas de angústia, medo e incerteza, porém, de acordo com as palavras da própria dona Elza, sua “fé e gratidão” viraram o jogo novamente. Ela conseguiu ter alta da UTI COVID e foi para a Enfermaria.
Mas ainda havia uma última batalha a ser vencida. Dona Elza reclamava de fortes dores em uma das pernas durante sua recuperação da COVID na Enfermaria. “Os médicos tiveram de operá-la para resolver mais esta infecção”, recorda Ana Alice.
Alívio e agradecimento
Atualmente, dona Elza segue sua reabilitação em casa e se dirige ao HCFMB com a finalidade de realizar acompanhamento médico com frequência. Para a filha, que acompanha a mãe nas consultas, o acolhimento recebido no serviço hospitalar fez toda diferença para que a mãe continuasse viva.
“A equipe médica e de enfermagem do HCFMB cuidou muito bem dela. Eu aproveito para agradecê-los, em nome de toda nossa família, porque eles agem com muito amor”, diz.
Ana Alice também agradece as pessoas que têm consciência sobre a importância da doação de órgãos. “É uma atitude tão nobre que beneficia muitas vidas”, pontua.
Equipe do Transplante Cardíaco do HCFMB
Criado há três anos, o programa de Transplante Cardíaco do HCFMB é atualmente o primeiro centro transplantador do interior do Estado. Até hoje foram 40 transplantes realizados pela equipe.
“Por tudo o que ela passou e pelas complicações decorrentes da COVID, ela é muito forte e está apresentando boa recuperação. Com a fisioterapia, continua se reabilitando”, explica o Chefe do Programa de Transplante Cardíaco do HCFMB, Dr. Marcello Laneza Felício.
Os médicos responsáveis pelo procedimento cirúrgico de dona Elza são: Dr. Marcello Laneza Felício, Dr. Flávio Brito, Dr. André Monti Garzesi e Dr. Leonardo Rufino.
“Dona Elza será acompanhada por nossa equipe para sempre, mas acreditamos que os retornos serão com intervalos maiores”, finaliza Dr. Marcello.
Por – Vinícius dos Santos