O transplante de fígado é um dos procedimentos considerados mais complexos da cirurgia atual, já que nenhum outro interfere com tantas funções do organismo
No mês de fevereiro, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) realizou dois transplantes de fígado no mesmo dia. Os procedimentos, considerados de alta complexidade, envolveram uma equipe multidisciplinar, que em um único dia renovaram a esperança de pacientes que esperavam na fila por um novo órgão que salvaria suas vidas. Os dois pacientes passam bem.
A captação do primeiro órgão foi no Hospital Regional de Osasco, no início da madrugada do dia 22 de fevereiro. O Gastrocirurgião do HCFMB e professor assistente responsável pelo Serviço de Gastroenterologia Cirúrgica da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB), Dr. Walmar Kerche de Oliveira conta que, quando a equipe estava a mais ou menos uma hora do fim do procedimento, receberam a notícia de um novo órgão disponível para outro paciente do HC. “Quando a cirurgia do primeiro receptor estava chegando ao final, a Central de Transplantes do Estado de SP comunicou a disponibilidade de um novo fígado, na cidade de Limeira”, diz.
Praticamente em seguida, no mesmo dia 22, a equipe do Programa de Transplante Hepático se organizou para realizar um novo transplante. Uma parte da equipe se deslocou para fazer a captação em Limeira, e a outra parte ficou no HCFMB para garantir que o segundo procedimento fosse feito no início da noite. Em 24 horas, dois pacientes receberam dois novos órgãos, duas novas chances.
O transplante de fígado é um dos procedimentos considerados mais complexos da cirurgia atual, já que nenhum outro interfere com tantas funções do organismo. Embora o fígado tenha uma capacidade alta de recuperação, certas doenças provocam insuficiência hepática aguda ou crônica grave, que podem levar ao óbito. Nesses casos, o único recurso terapêutico é a substituição do fígado doente por um fígado sadio retirado de um doador compatível.
Segundo o médico do Programa de Transplante Hepático do HCFMB, Dr. Leonardo Pelafsky, a realização de dois transplantes de fígado no mesmo dia mostra que o HC tem uma assistência consolidada. “O transplante hepático é um procedimento que envolve a Gastroclínica, a Gastrocirurgia, Anestesia, UTI, equipes de enfermagem, Hemocentro, a Organização de Procura de Órgãos e transporte destas equipes e dos órgãos. É necessário um trabalho grande e principalmente em equipe para que tudo corra bem. Fazer isso duas vezes no mesmo dia demanda uma organização maior, o que mostra que o hospital está preparado. O resultado é sempre uma assistência de qualidade no atendimento aos pacientes”, finaliza.
Programa de Transplantes do HCFMB
Ao longo dos anos, o HCFMB se consolidou como referência em casos de alta complexidade. O Hospital é o terceiro centro transplantador do Estado e o primeiro do interior. O Programa de Transplantes atua não só na captação de órgãos, mas também na distribuição aos centros competentes; além da realização de transplantes de órgãos como rins, coração, fígado, córneas, entre outros.
As cirurgias foram realizadas pelo Grupo de Fígado, Pâncreas e Vias Biliares do Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do Departamento de Cirurgia e Ortopedia do HCFMB.
A primeira etapa do Programa de Transplante Hepático foi entre os anos de 2003 e 2007, com a coordenação do Prof. Alexandre Bakonyi . Embora reiniciado em 2011, o serviço consolidou-se a partir de 2016, com a parceria estabelecida entre o HCFMB e o Serviço de Transplante Hepático do HC da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Cerca de 56 procedimentos já foram realizados.
Por – Vivian Abilio