Levantamento da CNI mostra que população se mantém cautelosa com a covid-19 e mesmo sem obrigatoriedade, pelo menos 70% continuam a usar máscaras em supermercados e ônibus
Mesmo com a redução dos casos de covid-19, o brasileiro defende o “passaporte da vacina” no retorno às aulas presenciais. Segundo pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Instituto FSB Pesquisa, 77% da população é a favor de escolas e faculdades exigirem dos alunos o comprovante de vacinação.
O comportamento cauteloso também é observado na adoção das máscaras: independentemente da obrigatoriedade, pelo menos 70% dos entrevistados disseram que continuariam a frequentar supermercados e a viajar de avião ou ônibus com o item de proteção.
“A população reconhece que a vacinação foi um fator determinante para o enfrentamento da crise sanitária e o Brasil é um dos países que se destaca pelo alto índice de cobertura vacinal. Estamos em um cenário de menor gravidade da pandemia, propício ao retorno das atividades econômicas a um ritmo próximo da normalidade, com retomada do emprego. Manter os cuidados é importante para que evitemos uma nova onda, por todos seus impactos na sociedade”, destaca o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Esta é a sexta edição da pesquisa realizada pela CNI em parceria com o Instituto FSB Pesquisa sobre o comportamento da população na pandemia. Entre 1º e 5 de abril de 2022, foram entrevistadas 2.015 pessoas com 16 anos ou mais em todos os estados do país e o Distrito Federal.
Passaporte da vacina
O apoio à exigência do comprovante de vacinação no retorno às aulas presenciais é acompanhado de um percentual alto da população que também é favorável a vacinação infantil (79%). E o índice permanece o mesmo entre quem tem filhos ou não. Entre os pais de crianças entre 5 e 17 anos, 70% já vacinaram todos os seus filhos contra 18% que ainda não vacinaram nenhum deles.
A maioria da população (61%) também defende a adoção do “passaporte de vacina” em outros estabelecimentos, além de escolas e faculdades. E os próprios estabelecimentos aderiram mais à medida: 27% da população teve de apresentar o comprovante de vacinação para entrar em algum lugar nos últimos três meses. Esse índice foi de 18% em novembro de 2021.
“Esse resultado reflete a confiança da população na vacina. As pessoas se sentem mais seguras em relação à covid-19 quando estão próximas de quem já se vacinou”, pontua o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
No Brasil, houve uma massiva adesão à vacinação contra covid-19 – 95% da população acima de 16 anos disse que já tomou pelo menos uma dose – e a maioria (82%) pretende tomar a dose de reforço e completar o esquema vacinal. Ainda assim, de acordo com a pesquisa, para 33% da população o medo de conviver com pessoas não vacinadas é grande ou muito grande.
Uso de máscaras
Quando questionado sobre o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, o brasileiro parece ainda não estar preparado para deixar o item de proteção em casa. A maioria dos entrevistados afirmou que manteria o uso de máscaras em supermercados (73%), viagens de ônibus ou avião (70%), no comércio de rua (64%), nos shoppings (61%) e no trabalho (59%). O índice cai, mas fica acima de 40%, em atividades como cinemas, bares, restaurantes, shows e academias.
Mas muitos deixaram de usar máscaras em ambientes abertos ou até mesmo abandonaram o hábito. Nos últimos seis meses, o número de pessoas que usam máscaras em lugares abertos e fechados caiu quase pela metade – passou de 55% em novembro de 2021 para 29% em abril deste ano – enquanto aumentou os adeptos apenas em lugares fechados (de 40% para 53%). Já 17% disseram que não estão usando mais máscaras contra 4% em novembro de 2021.
“É precoce dizer que o uso das máscaras continuará a ser um padrão entre os brasileiros mesmo com o fim da obrigatoriedade. Os índices de contaminação e óbitos por covid-19 estão muito presentes na memória da população. Precisamos continuar a avaliar esse comportamento nos próximos meses”, pondera Azevedo.
Gravidade da pandemia
Além do impacto no dia a dia diante das restrições de convívio social, os dados mostram como a pandemia esteve muito próxima. Do total de entrevistados, 61% conhecem alguém que morreu de covid-19 e 35% afirmaram que já tiveram a doença, sendo que 5% foram contaminados nos últimos três meses.
Apesar disso, o brasileiro reconhece a melhoria dos índices de covid-19. O número de pessoas que avaliam a crise sanitária como grave ou muito grave passou de 89% em abril de 2021, quando os casos e óbitos estavam em alta, para 40% em abril deste ano.
As pessoas também estão saindo mais de casa. Quase todo brasileiro (95%) foi ao supermercado nos últimos três meses e 84%, a comércio de ruas. Ir ao shopping (45%) e viajar de avião ou ônibus (36%) também faz parte da rotina de uma parcela relevante da população.