Após quase duas horas de palestras, o final da audiência se prolongou para receber e responder perguntas do público feitas em sua maioria por arquitetos e urbanistas ou estudantes de arquitetura
Depois de uma grande mobilização da sociedade civil, atenção da imprensa e até abaixo-assinado para salvar um dos últimos palacetes da cidade da demolição, a Câmara de Botucatu realizou uma audiência pública para tratar do tema em alta do momento: preservação do patrimônio histórico e cultural do município. O evento foi presidido pela vereadora Rose Ielo (PDT), primeira signatária do requerimento que motivou a audiência.
“Este tema não é novo, mas foi reavivado pelo interesse e mobilização da sociedade. Esta já é uma noite histórica e a ideia é apresentar a importância de Botucatu preservar a sua história e ouvir a população sobre o assunto. Depois, de maneira organizada, passar a atuar em cima das demandas mais urgentes”, fala a vereadora Rose Ielo.
A noite começou com a leitura de um texto do arquiteto João Piza, que não pôde comparecer. O texto resgatou a história da luta pela preservação e tombamento de prédios históricos da cidade, assim como a manutenção das edificações antigas. Ele também pontuou alguns possíveis caminhos para lidar com a questão. Em seguida, foi a vez dos três arquitetos e urbanistas expositores fazerem suas palestras.
Ludmila Tidei de Lima, de maneira remota, abordou o patrimônio histórico como parte da identidade coletiva e das tradições do local onde se encontra, sua relação com a memória e a cultura de um povo e a importância de se conhecer estas obras e monumentos (entre outros tipos de patrimônios) para poder, enfim, preservá-los. Ela também falou de legislações que trouxeram definições para o tema e especificamente do patrimônio ferroviário, que tem bastante a ver com a realidade da região.
Depois, Ricardo Dal’Bó trouxe sua experiência no trabalho de preservação de edifícios históricos na cidade de Jaú por meio de legislações e da atuação de conselhos e câmaras técnicas, sociedade civil e poder público. Por fim, Pedro Paulo Pacheco, que encabeçou o abaixo-assinado e o grupo de arquitetos que atuou pela preservação do palacete localizado na Avenida Floriano Peixoto, apresentou diversas edificações e espaços históricos de Botucatu.
Ele passou pelas construções já tombadas pelo estado de São Paulo (Escola Dr. Cardoso de Almeida, Fazenda Lageado e Fórum de Botucatu, hoje Pinacoteca), os que ainda estão em análise (Fazenda do Conde de Serra Negra, Capela de Ana Rosa e Igreja de Rubião Júnior), algumas que não existem mais e outras que merecem urgentemente receber atenção e ser preservadas.
Após quase duas horas de palestras, o final da audiência se prolongou para receber e responder perguntas do público. Feitas em sua maioria por arquitetos e urbanistas ou estudantes de arquitetura, os questionamentos foram direcionados ao poder público e, em geral, gostariam de saber quais as medidas concretas que serão tomadas para proteger o patrimônio histórico e cultural de Botucatu.
“Agora é importante manter a participação organizada da sociedade civil e antes de tudo lutar pela efetivação do conselho municipal de patrimônio histórico e cultural. A Câmara, entendendo esse clamor das pessoas, já também se atentou à urgência do tema e estamos aqui debatendo e continuaremos estudando e ouvindo os interessados”, finaliza a vereadora Rose Ielo.
Além dos expositores e da vereadora Rose Ielo, também compuseram a mesa de trabalhos o Secretário Municipal do Verde, Fillipe Martins, e o vereador Silvio dos Santos (Republicanos), que secretariou o encontro.