COLUNISTA

09/04/2021
VEREANÇA, CIÊNCIA E A INFELICIDADES DAS PALAVRAS

                Vivência nosso município novo debate oriundo da Câmara Municipal, fruto do requerimento 187/2021 de autoria dos vereadores Sargento Laudo -PSDB e Abelardo -Republicanos, que solicita ao Conselho Municipal de Saúde os estudos buscando, baseado em orientação dos médicos das unidades básicas de saúde, o fornecimento da medicação ivermectina aos munícipes que queiram usá-la como tratamento ao Covid-19. O proposto pelos vereadores solicitava igualmente, que pacientes já diagnosticados com a Covid-19 possam ter a sua disposição medicações: cloroquina, azitromicina e antitérmicos. Estes podem gerar ao longo dos anos, problemas como no fígado do paciente.

            A questão Covid-19 que estanca grande parte das atividades do país, suscita debates calorosos, manifestações as quais nem sempre são balizadas pelo bom senso, seja pelo governo ou oposição. Entusiasmei-me lá atrás com o tratamento precoce, com o uso destes medicamentos do requerimento municipal, porém, hoje decorridos um ano e pouco vivenciando o Covid-19 e suas mortes, tornei-me precavido quando aos resultados, pois a UNESP e a Ciência com grandes docentes e pesquisadores, apontam que o tratamento precoce não traz eficácia, e com isto a possibilidade de maior colapso ainda em nosso sistema de saúde local e nacional, sendo leigo e raso conhecimento não manifesto. 

            Por meio de conversas telefônicas com vereadores que participaram das sessões, houve elevação na temperatura dos debates, chegando ao ponto de questionar a Ciência, qualificar o conhecimento de profissionais docentes da Fac. Medicina, que atuam no HC em Rubião Junior entre outras situações, as quais credito a infelicidade destas palavras ao calor do momento, ainda que de homens públicos e nossos representantes no Legislativo municipal, não deveriam levar a este termos o debate, pois entre os vereadores não há nenhum deles capacitados na área médica, química medicinal, farmacológica, até onde sei, para um deles afirmar este ou aquele medicamento, seja requerido ou não para uso local.

            Somos a terra da Ciência sim, nossa UNESP, FATEC e algumas particulares são também protagonistas em diversos campos do conhecimento, pois formam cidadãos capacitados técnica e culturalmente, como por exemplo, o unespiano eng. agrônomo vereador Marcelo Sleiman –DEM. Acatamento a universidade se torna uma questão de bom senso e sabedoria, não que não se possa questioná-la, porém ao fazê-la que seja em bases técnicas, que saiba questionar seus membros como os infectologistas que atuam há décadas na pesquisa, ensino e extensão, aqui na forma de atendimento no HC.  

            O obscurantismo, fase da história que no nível social, político e cultural, negava a instrução e o conhecimento às pessoas com consequente ausência de progresso intelectual ou material, o que não membros do nosso Legislativo municipal deve se distanciar, e creio que as palavra ditas nas Seções, se deram muito mais pelo calor do debate do que propriamente pela razão dos fatos defendidos, pois, se a Ciência aponta que o tratamento precoce gera problemas como cardíacos, renal, fígado na forma de lesões, não se torna aceitável insistir em uma questão que deixará sequelas clínicas na nossa população, que do tratamento fazer opção. A vacina e sua aquisição é o bom caminho!        

            O vereador Lelo Pagani –PSDB, labutador na ciência, e que entende não usar o tratamento precoce, pois em sua defesa o vereador Lelo explicita que padeceu de Covid, curou graças a Deus e a Ciência, sabe o que fala quanto aos tratamentos, isto não vale como experiência? Ou questionar profissionais da Medicina quanto ao conteúdo de bula tem mais valor?  Sabias sim, são as falas e postura da vereadora Claudia Gabriel -DEM.

            Tudo isto aponta ao calor do momento e a infelicidade das palavras, as quais devem ser bem mais cuidadosas no momento de pronunciá-las, adjetivos como mentiroso pode levar a explicações na Comissão de Ética, considerando ser ofensivo ao caráter do outro.

 

                             Os benefícios da ciência não são para os cientistas, e sim para humanidade! - Louis Pasteur (1822-1895), cientista francês com notáveis descobertas das causas e prevenções de doenças.

 

                             Antônio Roberto Mauad – Turquinho. MBA em Administração Pública e Gerência de Cidades, colaborador desta mídia. 


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