COLUNISTA

17/02/2020
Ontem não nos pertence

          Esses dias, estava eu assistindo a um filme, quando a fala de uma das personagens – uma professora – me fez refletir. Quando ela percebeu a revolta de um aluno, que era filho adotivo, disse a ele algo mais ou menos assim: ‘Ontem não nos pertence para consertar, mas hoje e amanhã nos pertencem para acertar e errar’.

          E não é que é verdade? A raiva que o filho adotivo sentia por sua mãe tê-lo abandonado ao nascer – ontem – impedia que ele percebesse que era muito amado por sua nova família. E isso acontece todos os dias com muitas pessoas. Há aqueles que preferem remoer o que lhes aconteceu no passado a viver o presente. Destroem-se com o passado ruim e, com isso, não encontram tempo e lugar nos seus pensamentos para desfrutar o presente e tentar fazer dele um dia melhor do que foi ontem.

          Se todas as pessoas adotassem esse pensamento, com certeza seriam mais felizes e fariam mais felizes outras pessoas. Imaginem se um jogador de futebol que perdeu um gol feito numa partida muito importante. Isso não dá para consertar mais. Já está feito. O gol já está perdido. Não adianta ficar ruminando esse erro. Não há nenhuma vantagem nisso. Muito pelo contrário. Se ficar pensamento e se martirizando pelo gol perdido, certamente perderá outros gols feitos e seu time será prejudicado várias vezes. O negócio é analisar por que errou e não cometer o mesmo erro outras vezes. O presente e o futuro estão aí para que possamos nos redimir dos erros passados. É no presente e no futuro que podemos melhorar, não no passado. O passado já está pronto. O presente e o futuro ainda estão por fazer. E cabe a nós fazer deles dias melhores.

          A professora destacou para o aluno que o presente e o futuro nos pertencem para acertar e errar. Isso mesmo. Se a gente não ficar vivendo o que já passou e procurar construir alguma coisa no presente, fatalmente correremos o risco de acertar e errar. A possibilidade do erro não deve inibir as nossas ações. Errar faz parte do jogo. O importante é que tenhamos sempre o objetivo de acertar e, por isso, devemos preparar-nos para reduzir a possibilidade do erro.

          É desse jeito que ocorre o desenvolvimento humano. Imaginem quantos erros se ocorreram antes que as grandes invenções ocorressem. Se os grandes inventores ficassem vivendo apenas os erros cometidos no passado, com certeza não teriam tempo e disposição de acertar numa nova tentativa. Os erros do passado só servem para a gente não fazer do mesmo jeito novamente. Os erros do passado só devem servir para a gente se aperfeiçoar e, com isso, tornar-se uma pessoa melhor, mais competente, mais capaz.

          Na vida, vez ou outra a gente vai perder um gol feito. O importante é que nos preparemos melhor, para acertar da próxima vez.

                                                           BAHIGE FADEL


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