COLUNISTA

06/03/2020
Assim é fácil

          Há muito tempo, tenho ficado ressabiado com certa forma de governar. E não estou falando de governadores de esquerda ou de direita. Estou falando de todos ou, pelo menos, da maioria. Parece que a única saída para a crise é o aumento de impostos e/ou a retirada de vantagens adquiridas. Está faltando dinheiro? Aumentem-se os impostos. A Previdência está falida? Aumentem-se os impostos e retirem-se as vantagens. Assim é fácil. Qualquer um é capaz de governar desse jeito. Só que, fazendo isso, além de prejudicar a população, cria-se apenas uma solução temporária, pois, se a estrutura não foi melhorada, num futuro próximo a falta de dinheiro voltará a ocorrer. Para solucionar o novo problema, o que é que os governos farão? Aumentarão os impostos e/ou retirarão vantagens adquiridas, se é que ainda existirão as vantagens. E fica um círculo vicioso que não se completa nunca e nunca trará uma solução definitiva para o problema.

          Recentemente, foi aprovada a reforma da previdência do governo do estado de São Paulo. A base da reforma qual foi? O aumento da alíquota de contribuição previdenciária passou de 11% para 14%. Indiscriminadamente. Não há distinção entre os que ganham mais e os que ganham menos. O funcionário que ganha R$ 2.000,00 por mês contribuía com R$ 220,00; agora passará a contribuir com R$ 280,00. Já o funcionário que ganha R$ 20.000,00 por mês contribuía com R$ 2.200,00. Agora, passará a contribuir com R$ 2.800,00. Eu pergunto: o que fará mais falta? Os R$ 60,00 acrescidos à contribuição do funcionário que ganha R$ 2.000,00 ou os R$ 600,00 acrescidos à contribuição do funcionário que ganha R$ 20.000,00? Garanto que são os R$ 60,00.

           Mas não é só isso. Está certo que mexeram em algumas coisas que podiam gerar maracutaias e injustiças, principalmente no caso das pensões. Mas mesmo aí cometeram várias injustiças. Não li nada, por exemplo, a respeito de salários monstruosos, conseguidos não sei de que maneira, que geram aposentadorias igualmente monstruosas. Por que será que não colocam a mão nessa ferida? No funcionalismo público – isso já foi provado – existem salários muito acima do que ganha o governador ou o presidente da república. E a gente sabe que isso é ilegal. Mas ninguém cita esse problema, porque mexe com pessoas importantes. Ninguém fala também em otimizar o serviço público. Deve ser muito trabalhoso. É mais fácil aumentar o percentual de 11% para 14%, e pronto! Está resolvido. E devem ter contratado, por uma fortuna, uma importante empresa para fazer esse trabalho. Moleza!

                                                        BAHIGE FADEL


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