COLUNISTA

01/09/2020
Eau Rouge a chicane mais famosa do mundo

                                                                              Foto - Divulgação

Domingo a Fórmula 1 voltou a se encontrar e dessa vez no tradicional circuito de Spa Francorchamps na Bélgica, onde prevaleceu a competência da união entre Mercedes e Lewis Hamilton, culminando em mais uma vitória, na gloriosa carreira do piloto inglês.

Spa é um circuito tradicional, sendo um dos preferidos pela maioria dos pilotos e considerado um templo sagrado do automobilismo. Mas por outro lado, tem uma chicane eleita a mais famosa e perigosa do mundo que se chama Eau Rouge. Este local que é uma sequência sinuosa de curvas a esquerda e direita em subida, aparece no fim de uma reta em descida, onde os carros praticamente não diminuem o ritmo, e obrigam os pilotos a fazê-la em velocidades altíssimas, terminando com um "ponto cego" de pouquíssimos metros, que não se vê absolutamente nada, até surgir uma grande reta.

Não é à toa, que a Eau Rouge foi palco de inúmeros acidentes, alguns deles gravíssimos. O piloto alemão Stefan Bellof, em Setembro de 1985, resolveu disputar uma prova fora da Fórmula 1. Numa corrida intitulada 1000 kms de Spa-Francorchamps, numa categoria de carros de turismo da época. Na volta 77, ao duelar a liderança com outro piloto, tentou uma ultrapassagem arriscada na Eau Rouge. Os dois profissionais se chocam e o carro de Beloff bateu frontalmente contra um muro incendiando-se. Ele foi socorrido com vida, mas faleceu poucas horas depois num hospital da região.

Em 1987 dois pilotos da extinta equipe Tyrrell, acabaram se chocando na perigosa curva belga, sendo um episódio muito violento. O carro do francês Jonathan Palmer partiu ao meio, mas por pura sorte, nem ele e nem seu companheiro de equipe se machucaram. Jacques Villeneuve por duas vezes se envolveu num acidente na Eau Rouge. Em 1998 pilotando pela Williams, perdeu a traseira do bolio, encontrando a proteção de pneus que ficou destruída junto com o carro. No ano seguinte em 1999, o canadense, em outra equipe (BAR), novamente perdeu a traseira do carro no mesmo ponto, num acidente parecido com o anterior. Nos dois casos, Villeneuve não se machucou.

O brasileiro Ricardo Zonta em 1999 no mesmo treino e também piloto da BAR, escapou na curva e capotou na área de escape, num episódio pra lá de preocupante. Mas quis o destino que Zonta também não se machucasse. Pietro Fittipaldi, neto do nosso bi campeão mundial Emerson, também foi vítima de um grave acidente na mística "água vermelha" (Eau Rouge em francês). Disputando uma categoria de Endurance, ele perdeu o controle do carro e bateu forte na proteção de pneus. O acidente foi em 2018 e resultou numa fratura exposta nas pernas do brasileiro.

Para se ter uma ideia de como é arriscado para os profissionais, num Fórmula 1, o piloto sofre uma pressão equivalente a uma queda do décimo andar de um prédio, e a força G é descomunal. A famosa curva do circuito belga é tão perigosa e traiçoeira que Ayton Senna, na sua primeira vitória em Spa no ano de 1985, confessou aos repórteres da época, que cada vez que passava pelo local, conversava com Deus. Senna ganhou 5 vezes no dificílimo traçado belga. São histórias tristes e alegres ao mesmo tempo, que criam sempre uma relação de amor dos amantes do automobilismo, com as maiores glórias da história do esporte a motor.


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