COLUNISTA

08/09/2020
Uma transformação mágica

Foto - Divulgaação

Não é sempre que nós, admiradores do esporte a motor, podemos se deparar com um grande prêmio diferenciado, que sai da rotina do que estamos acostumados a assistir todas às vezes. O GP da Itália deste final de semana mostrou ao mundo da velocidade, que o público está carente de mais competitividade, e mudanças na Fórmula 1. Bastou um safety car estar presente num momento certo, e a "mágica da transformação", simplesmente. aconteceu.

Como somatória de todos os fatores, Pierre Gasly, no seu segundo pódio na categoria, comemorou vitória inédita e o hino francês, depois de tantos anos voltou a ser tocado no ponto mais alto do templo sagrado de Monza. Não é de hoje que os cartolas da mais importante categoria do automobilismo estão pensando insistentemente numa maneira da Fórmula 1 ficar mais atrativa aos olhos e disputada nas pistas.

Sempre que aparece um piloto ou equipe diferenciada e passam a ganhar todas, um sinal de alerta acende nos bastidores e várias mentes começam a planejar qual seria a próxima estratégia para equilibrar as coisas e deixar o campeonato no mínimo interessante. Isso ocorre, por que a F1 é com certeza, um dos esportes mais milionários que existem, e a última situação que passa pela cabeça de seus dirigentes, é que essa mina de dinheiro, simplesmente, seque. A matemática é de fácil compreensão. Se você tem um campeonato previsível, a audiência cai. Caindo a audiência o interesse dos patrocinadores diminui e muita gente perde.

Podem acreditar piamente nisso que vou escrever agora, e minha margem de erro é zero. Pilotos como Schumacher e Hamilton não são nada interessantes para o núcleo administrativo da Fórmula 1. Esses profissionais serão sempre lembrados por suas façanhas, pelos títulos e vitórias. Mas, para os cartolas da categoria um campeonato seria infinitamente melhor, com quatro ou cinco pilotos disputando um título.

Não foi a toa que uma das lendas dos bastidores administrativos, Bernie Ecclestone, ficou famoso quando disse que por sua vontade, instalaria um sistema de água para deixar as pistas molhadas em cada GP, fazendo uma alusão mais que verdadeira, do fato que quando chove, a corrida fica muito mais interessante.

Durante todos esses anos que acompanho a categoria, já vi inúmeras mudanças nos regulamentos, sempre com a intenção de dificultar e equilibrar as coisas. Infelizmente, foi essa ideia obsessiva dos cartolas, que arrancaram todos os sistemas que deixavam o carro estável no fatídico campeonato de 1994, que no final resultou no acidente bárbaro de Rubinho e nas mortes de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna.

Outras mudanças absurdas chegaram a ser cogitadas, como a "piada de mau gosto" de colocar nas últimas colocações no grid de largada, os dez primeiros colocados dos treinos de sábado. Felizmente tiveram o bom senso de nunca colocarem em prática esse absurdo, simplesmente por que não se pode punir um piloto, simplesmente por ser bom e conseguir a pole position. Uma das mudanças que mais contribuíram positivamente para o desempenho de igualdade foi em relação ao jogo de pneus. Antigamente os pneus não tinham a influência que tem hoje. Mesmo assim, precisou dois gênios como Schumacher e Hamilton simplesmente pegarem "a manha" do negócio, e também lidarem com essa situação, com a maior facilidade. Não adianta.

Enquanto a mágica que pode igualar a categoria mor do automobilismo não acontece, teremos que se conformar com o óbvio e ao mesmo tempo torcer que um dia alguém tenha a luz, de trazer a tona, a competividade acirrada como nos áureos tempos dos anos de ouro, antes de 2000.

César Júnior


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