COLUNISTA

05/10/2020
Filhos de lendas do automobilismo

      Foto – Divulgação -   O filho de Michael Schumacher vai, realmente, "chegar chegando" na Fórmula 1?

 

Qualquer pessoa sabe que sobrenome não ganha corridas e não é garantia de títulos ou vitórias milagrosas. Atualmente os holofotes da categoria máxima do automobilismo, estão voltados para Mick Schumacher, filho do heptacampeão mundial, Michael Schumacher. Para aquecer ainda mais os rumores que envolvem o garoto de 21 anos, Mick ganhou a oportunidade de participar pela primeira vez de um treino livre na Fórmula 1, no GP de Eifel na Alemanha, pilotando um carro da Equipe Alfa Romeo.

Como Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi (pilotos da Alfa) ainda não renovaram contrato para 2021, muitas conversas de Rádio Paddock começam a borbulhar de maneira mais incisiva nos bastidores. Mick compete atualmente na Fórmula 2 (categoria de acesso a Fórmula 1) e é líder da temporada com 192 pontos e 2 vitórias. Mas a pergunta que não quer calar vem a tona.  O filho de Michael Schumacher vai, realmente, "chegar chegando" na Fórmula 1?

Infelizmente, a resposta para essa indagação, parece não ser muito difícil de responder. O histórico de filhos ou parentes de pilotos famosos que ocuparam os cockpits da F1, é bem negativa e desestimulante até. Damon Hill, filho do famoso piloto dos anos 60; Graham Hill, conquistou um campeonato mundial em 1996 pela equipe Williams. Antes pela mesma equipe inglesa, Hill foi vice-campeão em 1994 e 1995. Terminou sua carreira com um modesto décimo segundo lugar em 1999, abandonando as três últimas provas.

Outro piloto que conseguiu um título mundial foi Jacques Villeneuve, filho do lendário piloto Gilles Villeneuve. O início de Jacques na Fórmula 1 foi meteórico e avassalador, sendo muito bem cotado como uma futura lenda das pistas. Conduzindo também um carro da Williams, o canadense no seu ano de estreia, faturou um honroso segundo lugar no campeonato de 1996. No ano seguinte, foi campeão mundial com 7 vitórias e 81 pontos.

Porém, a partir de 1998 as coisas começaram a mudar e naquele ano Villeneuve conseguiria um apático quinto lugar, tendo como melhores posições, dois terceiros lugares na temporada. Terminou sua carreira na Fórmula 1 em 2006 na Sauber na décima quinta posição no campeonato.

Mario Andretti foi campeão de Fórmula 1 em 1978 com excelentes 12 vitórias na categoria. Com orgulho, apresentou ao mundo anos mais tarde, seu filho Michael Andretti. Muitas expectativas giravam em torno do garoto na temporada de 1993. Com uma McLaren, Michael estreou com um abandono no GP da África do Sul.

Este seria o primeiro de 7 abandonos na temporada e uma decepção pra lá de evidente para a imprensa mundial. A situação ficou tão insustentável, que curiosamente, na melhor corrida do garoto naquele ano, com um terceiro lugar no GP da Itália, Michael resolve abandonar definitivamente a Fórmula 1, indo para a Indycar, onde na categoria americana de monopostos sagrou-se campeão.

O mesmo histórico negativo se estende para os pilotos brasileiros. Sobre Bruno Senna Galvão Bueno até tentou. Chegou a dizer numa transmissão que ver o sobrinho de Ayrton Senna num carro da Lotus com aquele capacete amarelo, dava esperanças que o Brasil voltaria a brilhar nas pistas. Mas infelizmente não foi bem assim. Bruno Senna participou de três temporadas na Fórmula 1, lutou muito, mas não alçou grandes voos. O máximo que o sobrinho do nosso tricampeão mundial conseguiu, foi um honroso sexto lugar no GP da Malásia de 2012. Terminou sua carreira na F1 abandonando no GP do Brasil daquele ano e levando consigo a decepção de milhares de brasileiros.

Talvez o caso mais emblemático seja do filho de Nelson Piquet. Nelsinho como era carinhosamente chamado, até fez bonito no seu ano de estreia na categoria máxima do automobilismo, conseguindo um suado segundo lugar no GP da Alemanha no circuito de Hockenheimring em 2008. Mas a série de péssimos resultados anteriores e posteriores a esse trunfo fizeram que o filho do também tri campeão mundial Nelson Piquet, travasse uma guerra dura e inglória, contra um dos maiores chefões da época, Flávio Briatore.

O clima dentro da Renault foi tão caótico, que uma câmera flagrou o chefão italiano, num momento de fúria, balbuciar as palavras "ele não é piloto". A cena foi mostrada numa corrida da temporada de 2008 e era totalmente perceptível o comentário maldoso do italiano para um engenheiro, através da leitura labial. Infelizmente o final da história foi ainda mais trágico, melancólico e humilhante para o filho de uma lenda.

Nelsinho, além de péssimos resultados, encerrou sua carreira, como o centro das atenções de um dos maiores escândalos do esporte, quando de propósito, bateu o carro numa curva no GP da Malásia, para favorecer o espanhol Fernando Alonso. Essa atitude inconsequente do brasileiro, além de suja, acabou respingando de forma dolorosa em Felipe Massa.

Se Nelsinho não tivesse feito o que fez, provavelmente Massa seria campeão, já que perdera o campeonato na última curva para Lewis Hamilton por um único ponto, e caso Alonso não fosse favorecido, ele chegaria numa posição mais confortável em relação ao inglês. O próprio Massa chegou a citar que estava chateado com Nelsinho, devido a este episódio. Para piorar ainda mais a situação, no ano seguinte Flávio Briatore, fez uma declaração polêmica insinuando uma possível homossexualidade de Nelsinho, ainda quando piloto da Fórmula 3 inglesa.

São fatos históricos como estes, que fazem a gente refletir se Mick Schumacher terá o poder de modificar a história e se transformar num superpiloto como seu pai. Cabe a ele no futuro, mostrar ao mundo que o tino de campeão foi passado de DNA para DNA. O tempo irá dizer ou explicar melhor se as estatísticas podem ser mudadas, ou permanecerão exatamente como estão.


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