COLUNISTA

10/01/2020
A iminente derrota da sociedade
para o tráfico de entorpecentes

Preocupante o que disse o competente e abnegado delegado titular da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE), Paulo Fábio Buchignani, sobre o tráfico de entorpecentes em Botucatu. “É como tentar enxugar gelo com toalha”, reconhecendo que a sociedade está, gradativamente, perdendo essa batalha. Se é que já não perdeu. A droga saiu dos becos escuros e das favelas, para ganhar a luz das regiões centrais das cidades. Botucatu não foge à regra. E o traficante está sempre buscando inovações para dificultar o trabalho policial.

A mais comum, atualmente, é usar o adolescente que fica em pontos de vendas de drogas conhecidos como biqueiras. Ele atende o” cliente” mantendo pouca quantidade de droga em seu poder e deixando porções espalhadas em locais distintos. A tal operação “formiguinha. Se for apreendido, escapa facilmente de uma punição, pois passa por usuário.  Sai mais rápido da delegacia de que quem o levou.

O interessante é que existe uma fila de espera, uma rotatividade considerável. Se a polícia tira um adolescente da biqueira” pela manhã, outro ocupa seu lugar no início à tarde. De cada 100 adolescentes apreendidos em ocorrências policiais, pelo menos 90 deles estão envolvidos com o tráfico de entorpecentes.

Quando muito o garoto infrator é encaminhado ao Núcleo de Assistência Inicial (NAI), que fica em Rubião Júnior, onde permanece por poucas horas, já que vagas numa instituição como a Fundação do Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA), que atende menores infratores são escassas. 

A Fundação de Botucatu presta assistência a jovens de 12 a 21 anos inseridos nas medidas socioeducativas de privação de liberdade (internação) e semiliberdade. As medidas, determinadas pelo Poder Judiciário, são aplicadas de acordo com o ato infracional e a idade dos adolescentes.

A maioria dos adolescentes entra para a criminalidade, incentivada, principalmente, por traficantes que oferecem o ganho do dinheiro fácil e enxerga no crime a possibilidade de sustentar suas famílias e na maioria dos casos sustentar o próprio vício ocasionando um grave conflito social. O tráfico acaba com a infância, com a juventude do adolescente e afeta diretamente a família.

Entre as drogas mais conhecidas, o crack é a que tem uma ação devastadora no organismo e a principal porta de entrada para o crime, muitos deles graves como roubos, sequestros, homicídios, latrocínios e extorsão. E aquele que vem de uma família desestruturada e pobre está mais vulnerável para entrar na criminalidade. O crack caminha a passos largos para superar a maconha que ainda é a droga mais consumida.

E não se vê uma luz no fim do túnel. Longe disso!  Muitas vezes ao internar um menor por um determinado período, o juiz da Vara da Infância e Juventude está, na verdade, protegendo sua vida. Tirar o adolescente desse ambiente é obrigação da justiça, é obrigação da sociedade, enfim, é obrigação de cada um de nós!


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