Botucatu dá adeus ao historiador João Carlos Figueiroa
01/11/2023
Botucatu dá adeus ao historiador João Carlos Figueiroa

Pesquisador era um dos mais importantes historiógrafos paulistas

 

Gesiel Júnior

Especial para A Tribuna de Botucatu

 

A história de Botucatu ficou mais pobre no começo da noite do último dia de outubro. Morreu aos 79 anos de idade, o professor, jornalista, escritor e acadêmico João Carlos Figueiroa, um dos mais importantes historiógrafos paulistas, autor de livros referenciais para o estudo da história regional.

Levado ao Hospital das Clínicas da Unesp para procedimentos médicos, Figueiroa sofreu infarto e não resistiu. Membro honorário da Academia Botucatuense de Letras, ele foi presidente do Centro Cultural de Botucatu entre os anos de 2007 e 2015, onde intensificou as atividades voltadas à conservação da história botucatuense.

Também desempenhou o cargo de secretário municipal de Descentralização e Participação Comunitária no primeiro mandato do prefeito João Cury Neto, entre 2009 e 2012. Por indicação do ex-vereador e ex-vice-prefeito Antonio Luiz Caldas Junior, o pesquisador recebeu da Câmara de Botucatu o título de Cidadão Emérito.

Pessoalmente, sou grato a Figueiroa que, em julho último, mesmo já adoentado, prontamente revisou o livro “A igreja do Bairro e sua história centenária”, que lancei em setembro para comemorar os 100 anos da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, da Vila dos Lavradores. Gentil, classificou como primorosa essa publicação.

 

Carreira iniciada no rádio

Filho de Felix Figueiroa e Thereza Luiza Paganini Figueiroa, João Carlos Figueiroa nasceu em Botucatu no dia 20 de agosto de 1944. Cursou o pré-primário no Colégio Santa Marcelina e o primeiro ciclo do Ensino Fundamental (antigo primário) na Escola de Ensino Fundamental Cardoso de Almeida (Cardosinho), hoje municipalizada.

 Em seguida transferiu-se para o Colégio Diocesano, onde concluiu, em 1960, o Curso Ginasial (atual 2º ciclo do Fundamental).  Fez o Ensino Médio na Escola Estadual Cardoso de Almeida (ex-IECA, ex-Escola Normal), obtendo o certificado de professor primário (denominação antiga, antigo PEB I), em 1963. Com esse certificado ministrou aulas para a classe mista do bairro de Cocaia, em Parelheiros, subordinada à antiga Delegacia de Ensino de Santo Amaro, em São Paulo.

Sobrinho do ex-prefeito Plínio Paganini, Figueiroa começou a sua vida profissional na atividade de radialista na Rádio PRF-8, ainda em 1956, tendo desempenhado todas as funções de repórter esportivo, noticiarista, produtor de programas e publicitário. Combinou essas atividades com a de aprendiz e depois redator do jornal “O Correio de Botucatu”, da firma Correios Associados, empresa consorciada com a Rádio Emissora de Botucatu.

Transferiu-se para São Paulo em 1964, onde, paralelamente às atividades de professor, foi funcionário do Banco Moreira Salles e a partir de 1965, funcionário público concursado, na função de redator, adjunto ao Gabinete do Secretário de Governo, ainda quando a sede do governo paulista ficava nos Campos Elíseos.

Ainda na capital, o botucatuense deu continuidade aos estudos das Ciências Sociais, que havia iniciado em Botucatu, na antiga Faculdade de Ciências e Letras da Instituição Toledo de Ensino (atual UNIFAC).

De volta à terra natal, Figueiroa teve nova passagem pelos órgãos de imprensa locais, escrevendo reportagens sobre política, esportes e cultura, nos periódicos O Correio de Botucatu, A Gazeta de Botucatu e Folha da Estrada. Eventualmente, a pedido do correspondente local, elaborou matérias para o jornal Folha de S. Paulo Continuou a fazer rádio, pela PRF-8, durante todos os anos 1970.

 

Paixão pela história

Em seu retorno definitivo para Botucatu, Figueiroa desenvolveu o gosto pela história da cidade e passou a escrever sobre o tema, a partir dos anos 1990, nos jornais A Cidade, O Correio da Serra, Gazeta de Botucatu e o Diário da Serra. Desde então produziu uma infinidade de artigos especiais construídos sob medida para datas festivas da cidade, jornais e instituições.

Em 2004, organizou o livro “Gente de Dantes”, série de artigos do cronista Luiz Baptistão. E nos anos seguintes, desenvolveu juntamente com o escritor Hernâni Donato, a quarta edição do livro “Achegas para a história de Botucatu”, publicada em 2008.

Coordenou a edição do livro “Botucatu, Conto, canto e encanto com a minha história”, trabalhando para a Editora Noovha América, também em 2008. E contribuiu para o projeto gráfico, pesquisa, redação e revisão para a edição do livro do ex-deputado Braz de Assis Nogueira, seu amigo pessoal, o livro de memórias com o título “Do Ford Bigode ao Google Earth”.

Concluindo sua imensa obra historiográfica, em 2016 Figueiroa editou o livro "Boca do Sertão", em cujas páginas relatou de forma ampla as origens de Botucatu. "Pedra da Fé", lançado em 2019, foi o seu vigésimo e último livro, no qual, em pormenores, resgatou a memória da Igreja Católica em Botucatu. 


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