Infectologista da Unesp de Botucatu diz que vacinas inclusas no calendário infantil são obrigatórias
08/03/2024
Infectologista da Unesp de Botucatu diz que vacinas inclusas no calendário infantil são obrigatórias

Foto - Divulgação

Pais que não levarem seus filhos para se vacinarem, podem, inclusive, ser penalizados com multas, sanções e benefícios sociais, já que vacinas são essenciais para evitar as infecções graves e os óbitos por doenças que são imunopreveníveis



De acordo com dados do Vacinômetro do Ministério da Saúde, 3,7 milhões de crianças entre seis meses e quatro anos receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19, iniciada para essa faixa etária no final de 2022. Porém, o número cai para 769,3 mil, quando são consideradas as três doses (esquema vacinal completo).

Segundo nota técnica emitida em janeiro deste ano pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre a população brasileira menor de 19 anos, as maiores taxas de mortalidade por covid-19 são registradas entre os menores de um ano (4,3 mortes por 100 mil habitantes). Para as crianças de 1 a 4 anos, a taxa é de 0,6 por 100 mil. Apesar disso, a Fiocruz destaca que apenas 22,2% das crianças entre três e quatro anos foram vacinadas com duas doses anticovid..

Gabriel Berg de Almeida, professor da Faculdade de Medicina de Botucatu, diz que, embora a obrigatoriedade da vacinação contra covid esteja sendo debatida, vale relembrar que o Brasil já há vacinas que obrigatórias para crianças desde 1975, quando foi criado o Programa Nacional de Imunização. São pelo menos 18 vacinas obrigatórias para crianças, incluindo a BCG para tuberculose, a vacina contra febre amarela e a vacina contra tríplice viral, dentre outras.

“Estas vacinas estão inclusas no calendário infantil e são obrigatórias. Pais que não levarem seus filhos para se vacinarem, podem, inclusive, ser penalizados com multas, sanções e benefícios sociais. É importante ressaltar que essas vacinas são essenciais para evitar as infecções graves e os óbitos por doenças que são imunopreveníveis nessa faixa etária”, diz.

Ele diz que a introdução da vacinação contra covid-19 na lista daquelas obrigatórias será inestimável. E acha que o debate no Senado pode ser importante para estimular pais a vacinarem suas crianças, porque nesta faixa etária os índices de cobertura vacinal estão extremamente baixos,

“A relevância deste debate é enorme, pois a covid-19  foi a doença imunoprevenível que mais levou a óbito crianças e adolescentes no último ano. E em 2024, por exemplo, a gente teve mais óbitos por coronavírus [entre crianças] do que por dengue. E isso tendo em vista o surto de dengue que estamos atravessando”, diz.

Ele diz que muitas pessoas têm a impressão de que a covid é mais leve em crianças e adolescentes, porque elas possuem um sistema imunológico mais adequado para combater o vírus. “Mas, na ausência de vacina, isso não é verdade. Sem vacina, essas crianças estão suscetíveis à infecção, e a morrer pela doença. E para a sociedade como um todo, a vacinação para essa faixa etária é benéfica porque temos o efeito rebanho, e ocorre a redução da circulação do vírus”, diz.

O docente diz que, após o carnaval, os índices de casos de covid cresceram tanto em São Paulo como no Brasil como um todo. O cenário de festejos e aglomerações favorece uma circulação maior do vírus. E há uma nova variante circulando dentro e fora do Brasil, que apresenta transmissibilidade mais ampla. O resultado foi um aumento do número de casos, e também de quadros graves e de óbitos.

“Existem as ondas de contágio, e creio que veremos mais, a partir de agora. Temos uma doença que está se tornando endêmica, ou seja, está em circulação constante. Haverá períodos em que o número de casos vai aumentar, seja por conta da maior aglomeração de pessoas ou da circulação de novas variantes. É o que acontece todos os anos com outras infecções respiratórias, como a influenza, por exemplo”, diz. Ele explica que esse cenário era esperado, e defende que sejam adotadas medidas apropriadas a partir do monitoramento contínuo do número de casos.

“A vacina da covid vai entrar no calendário vacinal anual, assim como acontece com a vacina de influenza. E, a cada período de maior transmissibilidade, a gente vai precisar de um novo reforço, de uma nova vacinação, Então, hoje, a recomendação é que as pessoas recebam pelo menos um esquema completo de vacina, com uma dose de reforço que seja da vacina bivalente”, diz.


Pesquisas conduzidas na Unesp

O docente também aborda alguns dos projetos e iniciativas envolvendo a covid-19 que estão sendo desenvolvidos no campus da Unesp em Botucatu.

“Há vários projetos. Isso inclui desde a identificação da variante que está em circulação aos efeitos sobre os pacientes. Estudamos os pacientes internados para tentar entender o que levou a desenvolverem um quadro grave, ou até um óbito. Houve um grande estudo de vacinação realizado em Botucatu e continuamos analisando esses dados”, diz. “De forma geral, a Unesp teve um papel pioneiro durante o período de pandemia, que abrangeu variados projetos de pesquisa, projetos de extensão e o ensino sobre a covid dentro da universidade. Creio que a Unesp continua tendo um papel pioneiro e inovador, e sendo uma liderança dentro do Estado de São Paulo e no Brasil.”

Da Assessoria


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