Crise causada pela pandemia da covid-19 levam imobiliárias a negociar pagamentos entre inquilinos e locatários
10/05/2020
Crise causada pela pandemia da covid-19 levam imobiliárias a negociar pagamentos entre inquilinos e locatários

Já se observam reflexos no interior, onde inquilinos e proprietários estão preocupados com a falta de receita decorrente do fechamento de lojas e estabelecimentos e da restrição de circulação de pessoas

 

A quarentena decretada em estados e municípios do Brasil já está afetando o mercado de aluguéis imobiliários de capitais e também já se observam reflexos no interior, onde inquilinos e proprietários estão preocupados com a falta de receita decorrente do fechamento de lojas e estabelecimentos e da restrição de circulação de pessoas.

Uma solução que surge é a procura, por parte dos inquilinos, de acordos que possas reduzir esse impacto. Essa alternativa está sendo estimulada até pelas imobiliárias.

 

Os tipos de acordo

De acordo com o diretor da Imobiliária Lopes de SP, as propostas dos inquilinos com o aluguel estão variando entre três formatos. Um deles são empresários que não estão dispostos a negociar e afirmam apenas que não irão pagar o valor durante a quarentena.

"É uma minoria, pequena mesmo, que age de forma não razoável. Mas há os que chegam com uma proposta, normalmente de redução do aluguel em torno de 50%, por um período que varia entre 30 e 90 dias (depende do nível de ansiedade e preocupação da pessoa com a crise)", afirma o corretor de Imóveis Fabrício Souto. Segundo ele, essa é a proposta de acordo mais comum feita pelos inquilinos.

Outra parte considerável, diz, são de inquilinos que preferem não desembolsar nenhum valor agora e apenas diluir esses pagamentos pelos próximos meses, até o final do ano, sem obter nenhum desconto.

Segundo o corretor, essa opção é oferecida por empresários que estão com outras dívidas para pagar e preferem não desembolsar nenhum valor nesse período de indefinição.

 

Negociação precisa ter bom senso

Locatários podem propor aos proprietários o pagamento apenas dos dias do mês em que os estabelecimentos foram abertos.

Para os próximos meses, caso a restrição continue, as duas partes podem negociar um desconto de 50% no valor, sugerem especialistas. "Isso é negociação. Tem que haver bom senso", diz a empresária Junia Pereira, que ainda elabora proposta de acordo e afirmou que pretende mostrar o seu faturamento para o proprietário para que ele tenha a dimensão exata da condição atual do seu negócio. "Eu quero fazer um acordo condizente com o que tenho em caixa, e seguimos negociando mês a mês. Quero basear essa proposta em dados, não no 'chutômetro'", diz ela. 

 

Proprietários têm mostrado disposição em negociar

Os especialistas dizem que a impressão geral é que os proprietários levam a crise em consideração e, em sua maior parte, estão aceitando negociar. A grande maioria tem bom senso e a perspectiva de recessão futura preocupa também os donos de imóvel, que não desejam perder renda nesse período, e estão dispostos a dar fôlego ao inquilino.

Há a orientação, tanto de imobiliárias administradoras de aluguel, quanto da Fundação Getúlio Vargas, de que proprietários e locatários evitem a qualquer custo um conflito na Justiça nesse momento.

 

Análise tem que ser feita caso a caso

Isso não significa que o proprietário não deva analisar a condição do seu inquilino na hora de avaliar o acordo. Além disso, o professor da FGV lembra que ser dono de imóvel não significa automaticamente ter grandes recursos. "O proprietário pode ser uma velhinha aposentada que vive todo mês daquele aluguel. E se ela não receber, quem irá passar necessidades é ela", aponta.

De acordo com Júlia Botelho, sócia da Matchpoint e gestora de fundos imobiliários de famílias, não há um padrão para esse tipo de acordo. "Não tem que tratar todos da mesma forma, porque cada um está passando por um processo diferente. Um supermercado ou um pet shop que faz entrega online, por exemplo, pode não estar sendo tão afetado nesse momento, portanto, cada caso é um caso", coloca.

 

Fonte: Uol


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