Ministério ainda não tem a dimensão do número de participantes do Enem com notas erradas
20/01/2020
Ministério ainda não tem a dimensão do número de participantes do Enem com notas erradas

Primeiros relatos de problemas com a nota começaram a aparecer na noite de sexta-feira (17), quando o MEC liberou o acesso aos participantes e os candidatos com elevado número de acertos se viram com notas baixas

 

O Ministério da Educação ainda não tem a dimensão do número de participantes do Enem 2019 com notas erradas por causa da falha na gráfica. Mesmo assim, o ministro Abraham Weintraub se apressou em minimizar o impacto do problema e manteve o calendário do Sisu, que seleciona alunos para universidade públicas. 

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pela prova, promete ter a situação resolvida até esta segunda-feira (20), véspera da abertura das inscrições no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O presidente do Inep, Alexandre Lopes, disse não trabalhar com a hipótese de adiar as inscrições.

O governo identificou a falha nas notas a partir de relatos de candidatos nas redes sociais e aposta numa solução rápida do problema. O Inep disponibilizou um email (enem2019@inep.gov.br) para receber reclamações, e Lopes disse que vai analisar todas as mensagens recebidas até a noite de segunda. Se os questionamentos sobre as notas se avolumarem, porém, o Inep terá dificuldades de garantir a confiabilidade dos resultados.

Weintraub esteve no Inep na manhã deste sábado (18), gravou um vídeo ao lado de Lopes e o publicou em sua conta no Twitter relatando o problema. Não compareceu, entretanto, na entrevista concedida no final da manhã.

O ministro disse a interlocutores que a realização de um Enem sem problemas sempre foi crucial para sua permanência no cargo. A preocupação se tornou ainda maior quando sua saída da pasta passou a ser defendida por vários aliados do governo — o presidente Jair Bolsonaro, entretanto, garantiu sua permanência até agora.

Ministros do alto escalão do governo indicaram que o Palácio do Planalto não foi informado oficialmente sobre os problemas no Enem. Auxiliares do presidente Bolsonaro disseram ter conhecimento do caso apenas pela imprensa.

A avaliação, tanto de integrantes do governo quanto de parlamentares que acompanham o MEC de perto, é a de que é preciso esperar qual será dimensão do episódio para calcular um possível dano maior a Weintraub.

Ministros próximos a Bolsonaro dizem que o vídeo com alusão ao nazismo que derrubou o secretário de Cultura, Roberto Alvim, elevou o sarrafo dos deslizes que são aceitos pelo presidente. De acordo com essa avaliação, uma eventual demissão do ministro da Educação neste momento só viria se os problemas com o Enem não forem solucionados e atingirem um número muito grande de estudantes.

Os primeiros relatos de problemas com a nota começaram a aparecer na noite de sexta-feira (17), quando o MEC liberou o acesso aos participantes. Candidatos com elevado número de acertos se viram com notas baixas.

Inicialmente, o Inep afirmou que se tratava de reflexo do modelo matemático adotado pelo exame, a Teoria da Resposta ao Item (TRI). Com a TRI, a nota final depende também de quais questões foram anotadas como corretas.

Como os relatos se avolumaram, técnicos do Inep, da gráfica Valid (que passou a imprimir a prova no ano passado) e do consórcio aplicador da prova se debruçaram sobre as bases de dados em busca de inconsistências. O trabalho teria ocorrido ainda durante a madrugada de sábado.

Segundo o instituto, foram constatados erros na identificação dos candidatos e da respectiva cor de sua prova. A falha ocorreu na gráfica: os arquivos com essas informações chegaram ao Inep com divergências. O candidato fez a prova de uma cor, mas, nos arquivos encaminhados ao Inep para o cálculo da nota, a nota era corrigida como se fosse de outra cor.

Quatro casos foram confirmados inicialmente, todos em Viçosa (MG). Servidores do órgão foram convocados a comparecer às 8h do sábado no Inep para trabalhar nessa questão. Pelas análises iniciais do Inep, o problema pode chegar a 1% dos participantes, o que representa cerca de 39 mil pessoas. Segundo Lopes, a conferência prevê várias etapas, inclusive com checagens manuais.

Fonte - G1

Foto - Divulgação

 


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