Incêndio em almoxarifado da Secretaria de Saúde traz à tona o abandono de trens em Botucatu
13/07/2020
Incêndio em almoxarifado da Secretaria de Saúde traz à tona o abandono de trens em Botucatu

Foto - Daurio Oliveira Leal/Reprodução Facebook

Investigação está empenhada na busca do esclarecimento das causas do incêndio iniciado em um vagão com armação de madeira e o delegado seccional de polícia não descarta a possibilidade de que tenha sido criminoso

 

O incêndio ocorrido neste final de semana em Botucatu, ocasionado por um antigo vagão de trem com armação de madeira abandonado na linha férrea ao lado do prédio onde está instalada a Secretaria Municipal de Saúde, traz à tona um problema que vem se arrastando ao longo das últimas décadas: a degradação gradativa do patrimônio ferroviário.

E este não é um caso isolado. Nas imediações de onde esse incêndio se originou estão verdadeiros escombros de carros e locomotivas abandonadas, depredadas e deteriorando com as intempéries do tempo. Um monte de entulhos de ferros retorcidos estão pelas proximidades da antiga estação ferroviária de Botucatu que por dezenas de anos foi um das mais importantes cidades da malha ferroviária compreendida entre São Paulo a Presidente Epitácio.

A Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) foi fundada em 1872 a partir de então foi o meio de transporte que alavancou o desenvolvimento de São Paulo, depois passou a se chamar Ferrovia Bandeirantes (Ferroban), sucessora da Ferrovia Paulista Sociedade Anônima (Fepasa). Com o encerramento do transporte de passageiros, a malha ferroviária passou a ser explorada para transporte de carga pela empresa América Latina Logística (ALL). Hoje a gestão da malha ferroviária é feita pela Rumo Logística.

Embora a estação ferroviária tenha sido revitalizada e o prédio vem sendo usado pela Prefeitura Municipal, muitos vagões ainda estão nos trilhos rodeados de matos, usados como casa de andarilhos, ou para prática de sexo e consumo de drogas.  O mesmo problema é encontrado na estação do Distrito de Rubião Júnior e em muitas outras locações da malha rodoviária e tudo que nela está contido pertence ao Governo Federal. E esse problema dos trens abandonados não é só de Botucatu. Atinge dezenas de cidades e pequenas locações espalhadas ao longo da malha ferroviária paulista.

Em Botucatu o problema já passou nas mãos de vários prefeitos e nenhum deles conseguiu fazer com que o governo federal desse uma destinação a todo esse material que se deteriora. Agora o problema está nas mãos do atual prefeito Mário Pardini que adiantou que vai procurar a quem de direito para tentar buscar uma solução definitiva para o problema.

 

Investigação do incêndio

Vale lembrar que a Polícia Civil de Botucatu está empenhada na busca do esclarecimento das causas do incêndio que atingiu o prédio da Secretaria Municipal de Saúde que fica na Rua Major Matheus, na Vila dos Lavradores, durante a madrugada de sábado, dia 11. Incêndio se originou de um vagão de madeira abandonado e o fogo se propagou destruindo o almoxarifado do prédio.

No local havia produtos inflamáveis, como materiais de combate a covid-10, o novo coronavírus, centenas de testes rápidos para detecção da doença, estoque de álcool em gel, álcool líquido, equipamentos de proteção individual, suplementos alimentares, entre outros produtos que estavam armazenados no local atingido.

O delegado seccional de polícia, Lourenço Talamonte Neto, não descarta a possibilidade de que o incêndio tenha sido criminoso. “Aquela área a gente sabe que é frequentada por usuários de entorpecentes que usam os vagões abandonados na ferrovia. Provavelmente essas pessoas atearam fogo nesse vagão para se esquentar na madrugada e as chamas acabaram atingindo o prédio da  Secretaria. Tudo será apurado", disse o delegado.


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