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Usuários dessa droga sintética podem apresentar quadros de ansiedade, agitação, náuseas, vômitos, hipertensão arterial, convulsões, alucinações, pânico, incapacidade de comunicação, paranoia, agitação e agressividade
O consumo de uma droga sintética se espalha pelas ruas das grandes cidades do país e, nesta quarta-feira (4), o Profissão Repórter fez um alerta sobre essa substância, cujo nome varia muito - K2, K4, K9, Spice, Space - e que vem trazendo muito sofrimento para as famílias.
Cem vezes mais potente que a maconha natural, a spice, versão sintética da droga age nos receptores cerebrais de forma “total e forte”. Já o tetrahidrocanabinol (THC), da maconha natural, estimula os receptores de forma “parcial e fraca”.
Especialista apontam que os efeitos dela [maconha sintética] chegam a ser cem vezes mais potentes do que os da natural. O canabinoide sintético faz uma estimulação de forma muito potente, e acabam acontecendo alguns efeitos colaterais como hipersonolência, vômito. Quando você junta essas duas coisas, um dos grandes riscos é a pessoa se engasgar e sufocar com o vômito. Além disso, aumenta o risco de psicose e confusão mental.
Na sede da Polícia Técnico-Científica de São Paulo, onde trabalham os peritos que analisam as drogas apreendidas pelas Polícias Militar e Civil, é cada vez maior o número de análises dessas drogas. A maconha e a cocaína ainda são as drogas mais consumidas e periciadas, por isso existem padrões para o reconhecimento das duas drogas, mas as sintéticas são um desafio para os peritos, porque sempre aparecem novas substâncias, e exigem análises mais complexas, feitas por equipamentos que custam milhões de reais.
Para vender as drogas K, os traficantes borrifam a substância em papel ou outro material, como tabaco por exemplo, e ela fica imperceptível, podendo então ser fumada ou colocada direto na boca. Isso dificulta o trabalho da polícia, que conta que a droga já foi apreendida em um papel que estava dentro de uma Bíblia, em forma de carta de amor, e até em fotos de familiares.
Efeitos e sintomas
Vídeos que circulam pelas redes sociais nos quais jovens apresentam alguns dos sintomas relatados após o consumo da spice. Em um deles, um rapaz chora enquanto outro fica escorado em um portão, com a boca aberta, parecendo um zumbi. “Olha o que a k9 tá fazendo. Olha o que a k9 faz, rapaziada, deixa o cara facinho”, afirmam pessoas durante o registro.
Usuários de maconha sintética podem apresentar quadros de ansiedade, agitação, náuseas, vômitos, hipertensão arterial, convulsões, alucinações, pânico, incapacidade de comunicação, paranoia, agitação e agressividade. Apesar de ser chamada de maconha, a substância não tem nenhuma similaridade molecular com a droga natural. A única semelhança com a erva é a capacidade de o canabinoide sintético se conectar com os mesmos receptores cerebrais.
Até o fim do ano passado, o Núcleo de Exame de Entorpecentes da Polícia Técnico-Científica de São Paulo havia identificado ao menos quatro moléculas, desenvolvidas em laboratório, e vendidas como maconha sintética em São Paulo.
Apesar de proibida, a substância pode ser comprada tanto nas ruas como pela internet, com preços abaixo da maconha convencional. O canabinoide é liquido e sem cheiro. Costuma ser borrifado em ervas secas, ou ainda tabaco, para ser fumada. Há ainda casos em que folhas de papel são impregnadas pela substância, como forma de burlar a fiscalização nas cadeias.
Isso fez com que a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) proibisse a entrada de papel sulfite nas unidades prisionais paulistas, além de restringir o número de fotos e outros impressos enviados por correspondência.