Psiquiatra do HC da Unesp de Botucatu aborda aspectos relacionados ao suicídio, depressão e saúde mental
10/09/2021
Psiquiatra do HC da Unesp de Botucatu aborda aspectos relacionados ao suicídio, depressão e saúde mental

O especialista explica que entre 20 e 50 anos de idade encontra-se a faixa etária com maior prevalência de depressão, embora existam registros de crianças em tenra idade com diagnóstico da doença

 

10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Uma das principais causas de mortalidade em adultos jovens (entre 20 e 50 anos), o autoextermínio é responsável por cerca de 800 mil mortes por ano no mundo. Aproximadamente 95% dos suicídios estão associados a transtornos mentais – em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e o abuso de substâncias.

Em entrevista, o médico psiquiatra voluntário do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Dr. Ricardo Cezar Torresan, abordou importantes aspectos relacionados ao suicídio, depressão e saúde mental.

O especialista explica que entre 20 e 50 anos de idade encontra-se a faixa etária com maior prevalência de depressão, embora existam registros de crianças em tenra idade com diagnóstico da doença.

O Brasil é o país com maior incidência de depressão na América Latina; estima-se que mais de 320 milhões de pessoas no mundo tenham a doença. “Nas depressões mais graves a pessoa tem um claro impacto no seu dia-a-dia, se isolando, não conseguindo realizar suas atividades e diminuindo seus cuidados pessoais de forma significativa”, explica o psiquiatra.

De acordo com Torresan, é possível afirmar que o componente genético é um dos fatores de risco associados à depressão, porém não é o único. Indivíduos que viveram experiências com eventos naturais catastróficos, como por exemplo, a pandemia do novo coronavírus e o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), são mais propensos a sofrerem um abalo na saúde mental, o que pode culminar com o surgimento da depressão.

“O tratamento de primeira linha para uma depressão leve a moderada pode ser a psicoterapia – ela tem uma eficiência tanto quanto um antidepressivo. A associação dos dois é o tratamento mais efetivo para a depressão”, pontua o psiquiatra.

“Nosso estilo de vida tem um impacto para nossa saúde, não só em termos clínicos, mas também em termos mentais. Uma boa alimentação e o hábito da prática de atividade física podem contribuir na prevenção da depressão. Além disso, outras atividades como meditação e relaxamento também auxiliam na prevenção da saúde mental”, frisa Dr. Ricardo.

 

Alerta

O psiquiatra do HCFMB lembra a importância de a sociedade se engajar na causa que tem a finalidade de prevenir o suicídio. Há estimativas recentes evidenciando que metade das pessoas com depressão ao redor do mundo não recebem tratamento. “Ainda existe muito estigma em relação aos transtornos mentais”, pondera.

“Grande parte das pessoas que tentam suicídio pedem ajuda em momentos anteriores a esta tentativa. Há dados de trabalhos mostrando que até 60% das pessoas que tentaram suicídio chegaram a mencionar isso em algum atendimento de saúde no mês anterior a tentativa”, lembra.

A família também tem papel fundamental na identificação dos sinais que o indivíduo emite deixando transparecer indícios de um problema mais grave. “O principal é acolher e garantir que este indivíduo possa chegar a um profissional de saúde”, finaliza Torresan.

Por - Vinícius dos Santos


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