Pesquisa em Botucatu estuda comunicação bacteriana para inibir salmonelose em aves de produção
08/12/2021
Pesquisa em Botucatu estuda comunicação bacteriana para inibir salmonelose em aves de produção

Realizado com frangos de corte, o trabalho tem sua relevância evidenciada pela própria posição do mercado avícola brasileiro como referência internacional no quesito produção



Um trabalho desenvolvido na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, câmpus de Botucatu, foi o vencedor na área de Ciências Agrárias no XXXIII Congresso de Iniciação Científica da Unesp (CIC), encerrado no dia 01 de dezembro.

Intitulado “Aumento do potencial antimicrobiano de bactérias ácido láticas sobre Salmonella Heidelberg através da comunicação bacteriana”, o trabalho é de autoria de Gabriella Costa Ribeiro, aluna do 5º ano de Medicina Veterinária, sob orientação do professor Adriano Sakai Okamoto.

Realizado com frangos de corte, o trabalho tem sua relevância evidenciada pela própria posição do mercado avícola brasileiro como referência internacional no quesito produção. Para manter-se em destaque, o setor necessita de constante adaptação às exigências dos mais variados mercados consumidores. É crescente a demanda por produtos que atendam ao conceito one health, garantindo a saúde animal, ambiental e humana.

“A comunicação bacteriana é uma alternativa para diminuir o uso de antibióticos na produção animal”, explica Gabriella, ressaltando que a salmonelose é um problema significativo na avicultura. “Nesse trabalho, estudamos a comunicação bacteriana entre diferentes gêneros de bactérias ácido lácticas que, a partir da indução de sua ação, modulam o comportamento microbiano de forma coletiva, inibindo os patógenos, incluindo a Salmonella Heideberg e garantindo a perpetuação de organismos salutares, levando ao equilíbrio do microbioma
intestinal”.

Segundo ela, na literatura científica a comunicação bacteriana está descrita mais comumente entre espécies de bactérias ácido lácticas. A pesquisa premiada fez o estudo da comunicação entre os principais gêneros de probióticos, que são Enterococcus sp. , Lactobacillus sp, Pediococcus sp. e Lactococcus sp. “Para que pudéssemos estudar essa comunicação bacteriana, foi importante que focássemos em bactérias que já existem em aves de produção, para sabermos o que já existe na microbiota e qual a viabilidade do procedimento a campo. Com o auxílio da professora Ibiara Paz e seus orientados, coletamos amostras de fezes e de swabs de cloacas e, em laboratório e fizemos o isolamento e a identificação das bactérias”.

Os resultados comprovaram o aumento expressivo do potencial antimicrobiano de bactérias ácido lácticas contra Salmonella Heideberg através da comunicação bacteriana. “O mecanismo é natural, não deixa resíduos em carcaça e exclui a preocupação com a questão do aumento de resistência aos antimicrobianos”, destaca Gabriella. “É uma técnica mais segura e que tem se mostrado bastante viável”.

Com o resultado do CIC, Gabriella chega a três prêmios, nas iniciações científicas que realizou. Seus dois trabalhos anteriores, também sob orientação do professor Okamoto, foram premiados na Jornada de Integração Acadêmica da FMVZ e em evento da Associação Paulista de Avicultura (APA).

No ano que vem, Gabriella vai iniciar seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da FMVZ, na área de Diagnóstico em Animais de Produção, uma vez mais orientada pelo professor Okamoto. “Todo o aprendizado desses anos colaborou para que eu fosse aprovada no mestrado. Entendo esse trabalho também como uma forma de devolver para a sociedade o investimento que foi feito em mim durante esses cinco anos de estudo aqui na FMVZ. Não podemos esquecer de onde viemos e de quem nos ajudou. Por isso agradeço meus colaboradores, a FMVZ e minha família”.

O trabalho premiado no XXXIII CIC tem como coautores Tais Gomes Colletti, Fernanda Barthelson Carvalho de Moura e o professor Raphael Lucio Andreatti Filho.

Por – Sérgio Henrique Santa Rosa


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