Egresso da FCA/Unesp de Botucatu assumirá como docente em universidade nos Estados Unidos
13/04/2022
Egresso da FCA/Unesp de Botucatu assumirá como docente em universidade nos Estados Unidos

Apesar de jovem, Antonangelo já acumula uma boa experiência de vida e trabalho no exterior. Ele ressalta que as diferenças culturais existem, mas que a adaptação a elas não chega a ser um obstáculo intransponível

 

A partir do dia 01 de agosto de 2022, João Arthur Antonangelo, 32 anos, egresso da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, câmpus de Botucatu, começa a exercer o cargo de professor de Ciência do Solo (Assistant Professor of Soil Science) na Austin Peay State University (APSU), em Clarksville, Tennessee, nos Estados Unidos.

Antonangelo, que atualmente é pós-doutorando em Soil Science na Oklahoma State University (OSU), estará vinculado ao Departamento de Agricultura (Department of Agriculture) da APSU e ministrará disciplinas para o curso de Agronomia (Agriculture), focado em 4 concentrações distintas (Agri-Communication, Agri-Business, Agri-Science, and Sustainable Development).

Natural de Avaré, cidade situada a aproximadamente 70 km de Botucatu, Antonangelo ingressou no curso de graduação em Engenharia Agronômica da FCA em 2008. “Escolhi a gradução na FCA pois já tinha ciência de que era uma das melhores universidades do Brasil para o curso de Agronomia e, convenientemente, localizada muito perto de minha cidade natal. Também foi onde meu pai cursou Agronomia, entre 1975 e 1978. Tive todo o apoio da minha família nessa decisão”.

Durante a graduação, foi orientado pelo professor Leonardo Theodoro Büll em três iniciações científicas vinculadas à área de Fertilidade do Solo e Nutrição Mineral de Plantas, a primeira com bolsa CNPQ/PIBIC e as demais com bolsa Fapesp. Em 2012, ano em que concluiu o curso, fez estágio de 6 meses na Oklahoma State University (OSU), nos Estados Unidos.

“No último ano de graduação, soube que a FCA mantinha um vínculo com a OSU. A colaboração era essencialmente baseada no “student exchange program”, onde os alunos da OSU iriam para FCA e vice-versa. Meu objetivo maior nessa época era tomar ciência da infraestrutura e tecnologia para fins de pesquisa, e das recomendações agronômicas em outro país e, não menos importante, desenvolver a língua inglesa. Tive ajuda dos professores Büll e Saulo Guerra para o estabelecimento desse contato com a OSU”.

Antonangelo guarda boas recordações do período passado na FCA. Os amigos, tanto aqueles com quem dividiu o mesmo teto, como outros “irmãos de graduação” estão sempre presentes em suas lembranças. “Eles foram e continuam sendo grandes incentivadores para o que eu sou pessoal e profissionalmente falando. Não só nos bons momentos de faculdade, mas também nos ruins e difícies. Meus amigos Vitor Massami Imaizumi, Humberto de Jesus Eufrade Jr., Ricardo Hideaki Miyajima, João Victor Ribeiro da Silva de Souza, Luís Otávio Borsoni e Luis Fagian são inesquecíveis”.

Antonagelo também destaca que foi na FCA que descobriu sua paixão pela pesquisa, especialmente na área de Ciência do Solo. “Os momentos trabalhando com e aprendendo Química e Fertilidade do Solo nas aulas foram bastante prazerosos. Busquei fazer estágio no então Departamento de Solos e Recursos Naturais (atual Departamento de Ciência Florestal, Solos e Ambiente) devido às aulas excelentes de Fertilidade do Solo ministradas pelo professor Büll, durante o segundo ano do curso de Agronomia”.

Graduado, Antonangelo fez seu mestrado de 2013 a 2015 na USP/ESALQ em Piracicaba, no qual passou seis meses com “bolsa-sanduíche” da Fapesp na Lakehead University, no Canadá. Iniciou o doutorado também na ESALQ, junto ao Departamento de Ciência do Solo. No entanto, após um ano de curso, surgiu a oportunidade de cursar o doutorado completo na OSU, o que fez de 2016 a 2019, junto ao Department of Plant and Soil Science (PaSS). A partir de 2019, Antonangelo iniciou o pós-douturado no mesmo departamento. Seu primeiro vínculo profissional se deu nos Estados Unidos, com o cargo de Pesquisador Associado em Química do Solo na OSU, que vem sendo exercido paralelamente seu pós-doutorado, e se encerra no final de julho de 2022.

Apesar de jovem, Antonangelo já acumula uma boa experiência de vida e trabalho no exterior. Ele ressalta que as diferenças culturais existem, mas que a adaptação a elas não chega a ser um obstáculo intransponível. “Eu tenho uma opinião neutra quando se trata de receptividade por parte dos norte-americanos, porém garanto que o desenvolvimento social e a aproximação entre pessoas é muito melhor no Brasil. Falo por experiência própria, não só no Brasil, mas também com os brasileiros que vivem aqui, que chegam a ser uma segunda família, bastante unida”.

E complementa. “A questão de receber imigrantes por aqui varia imensamente por estado, cidade, e tradição cultural dos americanos, então acaba sendo difícil opinar sobre isso de uma forma generalizada. No meu caso mais específico, noto que meu trabalho é muito valorizado e, no ambiente universitário/acadêmico, os estrangeiros não sofrem preconceito e concorrem em condições de igualdade com os americanos nativos”.

Segundo Antonangelo, poder de compra, qualidade de vida e segurança estão grandes atrativos para morar nos Estados Unidos. Mas o desenvolvimento profissional também pesa. “Sou casado e minha esposa, também brasileira e ex-aluna do curso de Nutrição da Unesp, não abre mão de fazer a vida por aqui. A pior parte creio que seja o sistema de saúde, apesar de bem-estruturado não é facilmente acessível como no Brasil e ainda é expressivamente custos. Por fim, para quem quer fazer pesquisa, as oportunidades por aqui são melhores do que no Brasil”.

Para os estudantes que sonham com uma trajetória parecida com a sua, Antonangelo lembra que, mesmo para quem não pretende morar em definitivo no exterior, uma experiência estudantil fora do país é muito bem notada na hora de buscar um emprego no Brasil. E aos que pretendem desenvolver suas carreiras integralmente no exterior, especialmente na América do Norte, ele recomenda, antes de qualquer coisa, não ter medo de desafios.

“O processo é sim bastante desafiador, mas é possível se destacar. E a vivência no exterior, falando com base nos Estados Unidos e Canadá, certamente atenderá a todas as suas expectativas de qualidade de vida e estabilidade financeira. Garanto que nós, como bons brasileiros e estudantes de uma das melhores universidades do país, já estamos prontos para encarar qualquer desafio pela frente”.

E aconselha: “Se dedique da mesma forma que vem fazendo no Brasil e comece a exercer um pouco de sua flexibilidade para se adaptar a uma nova cultura, pessoal e profissionalmente falando. Não pense que não dará conta do recado. Muitas vezes as coisas acontecem de forma diferente do que pensamos, mas a adaptação do brasileiro é invejável, não importa a situação. O crescimento pessoal é inestimável e eu duvido que isso não se reflita positivamente na sua evolução profissional”.


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