Músico botucatuense Fernando Vasques lança “Ano Passado”, mais um trabalho em disco
24/03/2022
Músico botucatuense Fernando Vasques lança “Ano Passado”, mais um trabalho em disco

Sem ser diretamente político, o trabalho inspira resistência às obscuridades e incertezas dos tempos atuais, pela via de seu brilho suave e de um inegável senso de renovação essencial

 

Com mais de uma década de trajetória na música e com três singles e um EP já lançados, o cantor e compositor Fenando Vasques experimenta apresentar suas canções com um som mais encorpado, a partir da interação com outros músicos e uma produção, ao mesmo pop e densa, em seu segundo EP “Ano Passado”, lançado no dia 24 de março nas plataformas digitais.

O lirismo inquieto e encantador, que sempre marcou o trabalho de composição de Fernando Vasques, somado a uma construção instrumental que instiga e desarma o ouvinte pela sua imprevisibilidade e beleza são as principais marcas do novo projeto, desenvolvido ao lado do grupo formado por Guilherme Chiappetta (baixo), Thiago Righi (arranjos, guitarras, baixo e vozes) e Bianca Predieri (bateria), que também dividem a produção do EP.

Com base na música folk brasileira (todas as canções foram compostas na viola caipira), mesclada a uma sonoridade nada óbvia de pop/rock psicodélico e adornada por texturas e inventivas sutilezas, o trabalho apresenta influências diversas e familiares, mas que soam novas, resultando numa música que emerge tanto concentrada como audaciosa. “O EP traz inevitavelmente um reflexo desse momento de travessia da pandemia que vivemos e transpassa uma sensação expansiva e reflexiva”, comenta Fernando. “Essas canções são para mim como portos de uma navegação instável repleta de desafios, estações de rádio em sintonia rara”.

“Ano Passado” conta com quatro faixas, todas inéditas e compostas por Fernando. Sem ser diretamente político, o trabalho inspira resistência às obscuridades e incertezas dos tempos atuais, pela via de seu brilho suave e de um inegável senso de renovação essencial. “Desejo que as canções impulsionem ímpetos de perseverança, apesar de tudo o que passamos enquanto humanidade nesses últimos tempos”.

O EP abre com “Invisível”, já deixando explícitas as novas direções do trabalho de Fernando Vasques. Conduzida pela levada marcante do baixo, a sonoridade elegante casa perfeitamente com a poesia do autor, pronta a descortinar paisagens, emoções e experiências. “O vento me invade/ Num abraço tranquilo e profundo/ Fazendo eu dobrar de tamanho/ Cabendo no mundo/Infinito e invisível aos olhos teus”, canta no refrão.

Em “Pôr” brilham as guitarras e o lirismo aberto e honesto da letra (“A impermanência do destino/ E a confluência dos caminhos/São convites da vida/Agarrando meus braços para dançar”). A melodia ecoa Secos e Molhados, numa espécie de folk atemporal, conduzida pela voz quente e doce de Fernando. O coro final soa como um amoroso aceno para o que virá.

Em “Fios de Cabelos Astrais”, a viola caipira do convidado Osni Ribeiro se mistura aos beats eletrônicos e à guitarra “floydiana”. O frescor da instrumentação realça a performance vocal marcante e a letra, com versos em inglês e português que, de certa forma, sintetiza a expressão de transcendência estética e pessoal que caracteriza o EP (“Pés plantados/ galhos vertebrais/ fios de cabelos astrais”).

A delicada e hipnótica tapeçaria sonora da canção “Ano Passado”, guarnece a letra que trata mais diretamente dos dramas atuais, salpicada de angústia e esperança. Talvez o ápice emocional do repertório, a música evapora lentamente constituindo-se num “grand finale” que potencializa toda a sensibilidade exposta ao longo das demais faixas.

A imersão nesse pequeno conjunto de canções certamente trará recompensas. Em “Ano Passado”, a arte de Fernando Vasques se desdobra em momentos singelos, complexos, orgânicos, eletrônicos, psicodélicos, com ambientações ricas e texturas impressionantes. E se conserva profundamente humana. Belamente catártica. É música para ouvir. É música para nutrir.

O EP “Ano Passado” é uma ação realizada com recursos da Lei Aldir Blanc, via município de Botucatu, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.


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