Médico pesquisador de Botucatu mostra que mortes por covid-19 está em constante ascendência
29/07/2020
Médico pesquisador de Botucatu mostra que mortes por covid-19 está em constante ascendência

Gráfico mostra que no Estado de São Paulo, a linha de tendência aponta  uma persistente subida, principalmente à custa do interior, superando os números do Brasil

 

O professor doutor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, Antonio Luiz Caldas Júnior, que vem divulgando diversos dados sobre a pandemia de covid-19, o novo coronavírus, aponta que a mortalidade causada pela doença já teve tempos melhores.

Diz que Botucatu tinha, praticamente, 25% do coeficiente do Brasil até meados de junho. Desde aí a coisa desandou, e na última semana os valores praticamente se igualaram (cerca de 35 óbitos por 1 milhão de habitantes). Recorda que em junho a Cidade chegou a comemorar 40 dias sem óbitos na comunidade (excluindo-se as seis mortes dos idosos das clinicas de repouso).

“Há um mês eu o professor João Carlos Vieira apontamos esta tendência de aumento e a associamos com ao afrouxamento descontrolado das medidas de isolamento e distanciamento social e dissemos que a torcida é forte para que consigamos o descenso de casos, internações e óbitos, mas isso dependia de atitudes das autoridades e da sociedade”, coloca Caldas.  “Infelizmente se passou o contrário”, observa o professor doutor

Através de um gráfico ele aponta os óbitos agrupados por semanas epidemiológicas e a linha de tendência polinomial. Ele indica que no Brasil, há oito semanas o número de óbitos permanecia constante, girando em torno de mil mortes/dia. Desde o dia 3/7, as médias móveis de sete dias superam mil óbitos/ dia.

“Lembro-me que as pessoas se arrepiavam com as raras primeiras mortes que aconteceram no País. Agora são mais de mil por dia e o presidente da República banaliza e continua com a conversa da "gripinha", e do "alarmismo”.  Deve achar pouco”, frisa Caldas.

No Estado de São Paulo, a linha de tendência mostra uma persistente subida, principalmente à custa do interior, superando os números do Brasil. “Média móvel de sete dias sempre acima de 260 óbitos diários, desde meados de julho. Um Boeing 767 por dia. E ainda ia ficar gente da lista de espera”, compara o professor.

Segundo ele, a agoniante persistência de números tão altos não tem paralelo em outros países, que tiveram o tal pico da epidemia seguido de uma queda. “Aqui as pessoas perguntam: Quando isso acontecerá? Muitos especialistas dizem que no afã de retornar à “normalidade” afrouxamos o isolamento social antes da hora, ainda na ascendente da epidemia. O resultado está aí: o prolongamento desta situação que, infelizmente, em muitas regiões do Brasil piora a cada dia e só agrava a tragédia social”, frisa.

Ele aponta que mais uma vez se repetiu que para criar um clima de abertura das atividades comerciais e de serviços, difundiu-se a convicção que o pior havia passado. "Já era hora de ir ao barzinho, de bater uma bola, de fazer churrasco com parentes e amigos, de passear nas ruas de comércio e aí vai. Triste ilusão. Mas ainda é tempo de rever e reverter”, conclui Caldas.


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