Isa Penna usa Cury de assédio                                             Fernando Cury nega ter praticado o crime

A próxima etapa do julgamento, antes das alegações finais, será a realização de prova pericial em uma gravação audiovisual solicitada pelos advogados de defesa

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJESP), realizou nesta quinta-feira (10) mais uma etapa (a segunda) da audiência de instrução e julgamento do ex-deputado estadual Fernando Cury, que foi acusado de importunação sexual contra a também ex-parlamentar Isa Penna, em dezembro de 2020.  A audiência foi presidida pela juíza Danielle Galhano Pereira da Silva, da 18ª Vara Criminal do Foro Central da Barra Funda

Segundo o Tribunal de Justiça, hoje foram ouvidas tanto testemunhas de acusação quanto de defesa, além do próprio réu. As oitivas começaram na parte da manhã e se estenderam à tarde, ouvindo quatro parlamentares que foram arrolados como testemunhas de acusação: André do Prado, Carlão Pignatari, Cauê Macris e Alex Madureira.

Depois foram ouvidas seis testemunhas de defesa. A audiência se encerrou após o réu ter sido ouvido. Todas as oitivas desta quinta-feira foram realizadas de forma virtual, e o teor dos depoimentos não foi informado pela Justiça.

A próxima etapa do julgamento será a realização de prova pericial em uma gravação audiovisual que foi solicitada pelos advogados do réu. Só após essa perícia é que os advogados, tanto de defesa quanto de acusação, se reunirão novamente para as alegações finais. Ao final das alegações, a sentença será proferida.

Relembrando o caso

Em dezembro de 2020, uma câmera de segurança da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) flagrou o momento em que Cury passou a mão na região do seio da colega no plenário, em um abraço por trás, durante a votação do orçamento do estado para 2021.

Cury foi suspenso do mandato por 180 dias pelo Conselho de Ética da Alesp e expulso do partido Cidadania. O Tribunal de Justiça recebeu a denúncia do Ministério Público contra Cury em dezembro de 2021.

À época, a defesa de Fernando Cury alegou que ele "não teve a intenção de desrespeitar a colega do PSOL ou assediá-la" no que chamou de "leve e rápido abraço", mas a até então deputada o acusou ao Conselho de Ética da Casa Legislativa e defendeu a cassação do mandato dele.

A punição de seis meses implicou a paralisação do mandato e do gabinete de Cury, com a consequente posse do suplente, Padre Afonso (PV), que integrava a coligação que o elegeu e que pôde formar sua própria equipe.

Queda na votação

Em razão da grande repercussão nacional do caso, Cury, não conseguiu se reeleger para um terceiro mandato e em Botucatu, seu principal reduto político, obteve uma votação muito abaixo do esperado para sua recondução ao cargo.

O desempenho eleitoral de Fernando Cury mostra a queda acentuada em seu eleitorado. Em 2014 foi eleito com 85.925 votos. Em 2018 foi reeleito conseguindo aumentar seu cacife de votação para 99.815. Já em 2022, os eleitores lhe deram 35.493 votos, sendo que mais de 60% foram conseguidos em outras cidades.