Após se acorrentar em hospital da região, homem consegue que o pai doente recebesse tratamento
07/01/2021
Após se acorrentar em hospital da região, homem consegue que o pai doente recebesse tratamento

Filho de idoso prendeu-se ao pilar da unidade para exigir que o pai, há 17 dias internado no Hospital Estadual, recebesse o tratamento para a síndrome que causa paralisação das mãos e pés, sendo que semanas antes, o idoso de 68 anos tinha testado positivo para covid-19

 

Um morador de Bauru ficou quase dez horas acorrentado em um pilar do Hospital Estadual para exigir um tratamento adequado para o pai dele, diagnosticado com a Síndrome de Guillain-Barré. Semanas antes, o idoso de 68 anos tinha testado positivo para covid-19, o novo coronavírus.

A síndrome de Guillain-Barré, também chamada de doença de Guillain-barré ou de SGB, é uma condição médica relativamente grave e bastante peculiar. Nela, o sistema imunológico passa a atacar os nervos que fazem parte do sistema nervoso periférico, causando severos sintomas no paciente, como falta de reflexos e forte fraqueza muscular.

A ação do morador foi feita quando Carlos Eduardo Fendel acorrentou-se em um dos pilares da unidade.  Segundo ele, a intenção era chamar a atenção para o problema de saúde do pai. Carlos Eduardo só saiu de lá depois das 23h, quando o medicamento foi autorizado pela equipe médica.

Em nota, o Hospital Estadual de Bauru informou que "o paciente está recebendo toda a assistência possível". O homem contou que o pai dele, Leonildo José Fendel, foi diagnosticado com covid-19 em outubro. Ele teve febre, fraqueza e ficou bastante debilitado, mas não teve problemas respiratórios e nem precisou ficar internado.

No entanto, mesmo depois de recuperado, o idoso teve que ser levado três vezes à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) por causa de dores no corpo e pressão alta. Ele fez exames, foi medicado e voltou para casa, mas o filho contou que ele continuou sentindo os sintomas.

No dia 18 de dezembro, Carlos conta que Leonildo acordou reclamando que o pé dele estava dormente e foi levado à UPA novamente. Como Carlos já tinha tido a experiência de um funcionário que teve a Síndrome de Guillain-Barré, sugeriu ao médico que o pai poderia ter essa doença.  “Ele falou que realmente podia ser porque, com o surto de dengue e com a pandemia, isso tem aumentado muito, é um reflexo dessa doença, que ataca o próprio organismo”, conta Carlos.

 

Em busca do diagnóstico

No dia 20, Leonildo foi internado no Hospital Estadual e fez uma série de exames. No entanto, não passou pelo exame neurológico que diagnosticaria a síndrome, para que ele começasse o tratamento. “Aí começou nossa angústia porque eu tive essa vivência e sei que cada dia que passa é crucial porque a pessoa vai definhando”, desabafa.

Ainda de acordo com Carlos, o pai dele já não sentia as pernas no fim de dezembro e a síndrome também já tinha começado a afetar seus braços. O exame neurológico foi marcado para o dia 11 de janeiro, mas o diagnóstico precisaria ser feito o quanto antes e Carlos decidiu procurar uma clínica particular.  “Marquei consulta para o dia 4 de janeiro no particular, mas no dia 2 a direção do hospital falou que não ia autorizar ele sair do hospital porque estava muito debilitado”, lembra Carlos.

A partir disso, o filho conseguiu que o pai passasse pelo exame no próprio HE no dia 4, quando veio o resultado uma hora depois com o diagnóstico da síndrome. “Ficamos mais sossegados porque já iria começar o medicamento, mas aí nada [...] eu não sabia quando ia resolver, fiquei sem saída. Vou ficar vendo meu pai definhar, sabendo que tem tratamento, que se tomar medicamento vai reverter tudo isso?”, questiona.

A partir disso, Carlos decidiu se acorrentar no pilar e fez uma publicação nas redes sociais. Durante o período que passou acorrentado, funcionários do hospital tentaram convencê-lo a sair do local, mas ele só saiu depois que a situação do seu pai foi resolvida.  “Essa atitude que eu tomei eu precisava fazer isso por mim porque imagina se acontecesse alguma coisa com ele e eu soubesse que poderia fazer mais”, comenta Carlos.

 

Problema resolvido?

Leonildo foi autorizado a tomar imunoglobulina e o medicamento já poderia a começar a ser ministrado. Segundo Carlos, a expectativa é que o idoso volte a ter sensibilidade por volta do terceiro dia de tratamento.  Apesar da liberação, o paciente ainda não começou a tomar o medicamento porque está bastante debilitado, segundo o filho.

A partir de agora, a equipe médica informou a ele que precisa ter um controle maior de todos os problemas de saúde do idoso para começar a medicação. "Ele está em um grau de debilitação grande que eles precisam ter muitos cuidados de coração, respiração, como está o exame de sangue, para que a medicação não mate ele. É o que eu não queria. A pessoa vai se debilitando tanto que acaba ficando inviável o tratamento", lamenta o filho.

Fonte - Portal G1


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