Delegado da DISE diz que 25 mil pessoas são usuárias de entorpecentes em Botucatu
09/01/2020
Delegado da DISE diz que 25 mil pessoas são usuárias de entorpecentes em Botucatu

Foto: Valéria Cuter

Apesar do trabalho ininterrupto dos policiais da delegacia especializada e das demais forças policiais, o tráfico continua acontecendo em grande escala, assim como o aumento do número de usuários

 

O delegado titular da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE), Paulo Fábio Buchignani, que tem como delegado adjunto, Marcos Mores, realiza um grande trabalho no combate ao tráfico. Ações vão desde grandes apreensões em operações estratégicas programadas com apoio do Serviço de Inteligência, a operações mais corriqueiras em pontos de venda de entorpecentes conhecidas como “biqueiras” espalhadas em diferentes pontos da cidade, sendo muitas delas “gerenciadas” por adolescentes, que enxergam no tráfico uma maneira fácil de ganhar dinheiro.

Apesar desse trabalho ininterrupto dos policiais da delegacia especializada, o tráfico continua acontecendo em grande escala, assim como o aumento do número de usuários. Estimativa do delegado Paulo Buchignani, apenas de forma empírica, calcula que cerca de 25 mil pessoas são usuárias de entorpecentes em Botucatu, que tem uma população estimada em 140 mil habitantes.

Em entrevista ao Portal Tribuna de Botucatu, Buchignani, explana sobre o assunto apontando que foram muitos flagrantes e centenas de pessoas presas por tráfico de drogas, entre maiores e menores de 18 anos, nos últimos anos. Em quantidade, também se computou quantidades significativas.

Vale destacar que em 2019, a DISE apreendeu milhares de drogas sintética, com três prisões de pessoas envolvidas com esse tipo de entorpecente, que é uma preocupação a mais, já que evidencia o crescente uso de drogas sintéticas entre jovens da classe média-alta.

 

Perdendo a batalha

A sociedade está perdendo a batalha para o tráfico. Mas não é em Botucatu, apenas. Aqui, ainda temos uma polícia extremamente atuante, tanto a Civil, como a Militar e a Guarda Municipal. Porém, a maior arma contra o uso de droga, sem dúvida alguma, é a informação; a educação; a prevenção. E nesse contexto, não temos visto nada de maneira geral, articulada e eficiente. Então, a tendência é só piorar e falo isso há muito tempo.

 

Drogas mais consumidas

A maconha ainda é a droga mais consumida, mas está sendo seguida de perto pelo crack, infelizmente. As drogas, quando apreendidas, são encaminhadas ao Instituto de Criminalística (IC), onde são periciadas e lacradas. Depois disso, aguarda-se a autorização judicial para a incineração. Já foram destruídas toneladas de drogas, na nossa seccional.

 

Adolescentes na traficância

O aumento significativo de menores no tráfico passa por problemas sociais, como má formação escolar e educacional, muitas vezes, face a desestrutura familiar. O jovem não quer saber de estudar mais. Não se interessa em buscar um melhor desenvolvimento e um trabalho de melhor remuneração ou coisa assim. Na busca do ganho fácil são recrutados pelo crime e pelo tráfico e com isso, ganham dinheiro e notoriedade no meio onde vivem e chegam a disputar entre eles, perante o dono da biqueira, para conseguirem um lugar para vender droga. Outro fator que poderíamos citar, é o próprio sentimento de impunidade que impera dentre os adolescentes, face à legislação.

 

Repressão mais rigorosa

Para evitar que o jovem entre para o submundo do crime, no meu entender, seria necessária uma repressão ainda mais rigorosa, para aqueles que já fazem parte do contexto criminal de uso e tráfico e uma forte política de prevenção e educação, para evitar que crianças e jovens que ainda não ingressaram nesse mundo, o façam. Por hora, o conselho é que cada pai, cada mãe, cuide muito bem de seus filhos.

 

Sincronismo

Existe em Botucatu um sincronismo no combate ao tráfico. A Polícia Militar e Guarda Municipal nos auxiliam bastante e também fazem um excelente trabalho. Também temos recebido total apoio do Poder Judiciário e Ministério Público de Botucatu, o que tem sido fundamental.

 

Lei mais rígida

Um cidadão adulto preso na traficância pode ser condenado a uma pena que varia de 5 a 15 anos de prisão. Porém, com os benefícios previstos na lei, ele acaba em liberdade muito antes de a pena ser cumprida. A lei penal é boa. O que muitas vezes faz com que o preso saia da cadeia antes do tempo, é a lei de execução penal. Essa sim é que mereceria alguns ajustes.


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