Intercâmbio possibilitou que Mirian desenvolvesse um projeto cujo objetivo é avaliar as respostas obtidas com o tratamento quimioterápico de células tumorais ovarianas de alta agressividade e a resistência aos tratamentos convencionais
Desde outubro de 2023, a doutoranda Mirian Carolini Esgoti Aal, do Programa de Pós-graduação (PPG) em Biologia Geral e Aplicada (BGA), vinculado ao Instituto de Biociências de Botucatu (IBB) da Unesp – Câmpus de Botucatu, realiza estágio de doutorado na Mayo Clinic, localizado em Rochester, Minessota, nos EUA.
O intercâmbio da doutoranda, previsto para encerrar em outubro de 2024, foi aprovado via edital CAPES PrInt e possibilitou que Mirian realizasse o estágio para desenvolver um projeto cujo objetivo é avaliar as respostas obtidas com o tratamento quimioterápico de células tumorais ovarianas de alta agressividade e a resistência aos tratamentos convencionais, utilizando microfluídica, uma técnica inovadora.
“Durante o processo de submissão do pedido de estágio internacional, a Coordenação do PPG e o corpo administrativo do IBB foram imediatamente prestativos e interessados em auxiliar no que fosse necessário”, afirmou Mirian.
Durante o mês de junho, a professora Flávia Delella, coordenadora do curso de Ciências Biológicas do IBB e docente do PPG da BGA, realizou um intercâmbio de 15 dias para acompanhar o desenvolvimento da técnica de microfluídica realizada por Mirian, e estabelecer novas colaborações internacionais na Mayo Clinic.
“O laboratório em que Mirian está atuando desenvolve pesquisas voltadas para o desenvolvimento e fabricação de dispositivos para microfluídica, aproximando os estudos in vitro do in vivo. Esses dispositivos são usados para o crescimento de células agregadas como esferóides, e esse é o diferencial do laboratório visitado em relação ao nosso, no Brasil. Tal tecnologia é desenvolvida em um dispositivo do tamanho de uma lâmina regular de histologia e proporciona maior “número amostral” sem precisar de um grande volume de material biológico no mesmo experimento”, explica a docente.
Do IBB para o melhor hospital dos EUA
Mirian compartilha que o sonho de realizar um intercâmbio para desenvolver novas pesquisas sempre foi incentivado pelo IBB, muito antes da sua pós-graduação, durante a primeira edição do curso de férias “Virando a célula do avesso”, na época coordenado pela professora Flávia Delella, sua atual orientadora. Devido à pandemia do Covid-19, esse projeto precisou ser adiado, mas nunca foi esquecido.
“Foi no doutorado, junto ao incentivo do Capes PrInt, que essa experiência se tornou realidade”, afirma a doutoranda. Mirian reafirma como essa oportunidade ampliou suas experiências profissionais.
“A oportunidade de conhecer os laboratórios e linhas de pesquisa desenvolvidas na Mayo Clinic abriram as portas para novas colaborações ou ainda desenvolvimento de um projeto de pós-doutoramento, uma vez que esse contato apenas por e-mail, por exemplo, levaria muito mais tempo, menor proximidade e envolvimento que o proporcionado por visitar pessoalmente os laboratórios e conversar com os possíveis contatos”.
A docente e orientadora Flávia Delella compartilha como o momento atual é promissor para os alunos que desejam realizar intercâmbios de pesquisa no exterior e buscam apoio por meio de processos seletivos e editais das agências de fomento FAPESP e Capes.
“A experiência traz maturidade pessoal e científica e proporciona um intercâmbio de aprendizado entre os laboratórios envolvidos. É importante salientar que a ciência no Brasil é bastante valorizada e elogiada fora do país. Os pesquisadores internacionais gostam da forma como trabalhamos e valorizam as nossas aptidões científicas. Muitos dos nossos alunos de intercâmbio da pós-graduação recebem convite para retornar posteriormente como pós-doutorandos”, completa a docente.
Experiência internacional
Após o período que atuaram juntas nas instalações da Mayo Clinic, nos EUA, a professora retorna ao IBB com novas experiências e perspectivas na relação docente e discentes, compartilhando com os estudantes como a universidade abre portas sem fronteiras para os pesquisadores que desejam ingressar em uma linha de pesquisa no exterior.
“Como orientadora e formadora de cientistas, fico honrada e muito orgulhosa em ver os meus alunos voando e realizando sonhos. Nada é imposto, mas sempre coloco para eles a importância de fazer boas colaborações internacionais e de conhecerem locais que trabalham exclusivamente com pesquisa, independentemente do que almejam fazer após a conclusão da pós-graduação. Quando se mostram interessados, o meu papel é fazer o primeiro contato e abrir as portas. Por isso a importância de o orientador estabelecer novas colaborações internacionais, como fiz nesse estágio de curta duração”, afirma.
Por – Leandro Rocha