Arcebispo de Botucatu determina ao clero evitar chamar missas de “cura e libertação”

Em carta aos padres e diáconos dom Maurício Grotto de Camargo diz que na Arquidiocese não há nenhum exorcista

Gesiel Júnior

Especial para A Tribuna

“Considerando o último e lamentável episódio ocorrido em plena celebração litúrgica e desejando não só evitar novos abusos como também suas nocivas consequências para a vida e missão da Igreja”, o arcebispo de Botucatu, dom Maurício Grotto de Camargo, enviou no último dia 15, circular dirigida aos padres e diáconos “a respeito de alguns abusos realizados durante a celebração da missa” em paróquias da arquidiocese.

O chefe da Igreja Católica na região referiu-se ao episódio ocorrido no último dia 7 na Paróquia Nossa Senhora da Consolata, em São Manuel, onde o vigário paroquial de Cerqueira César, padre João José Bezerra, segundo denúncias feitas na polícia, teria agredido uma paroquiana no fim de uma “missa de cura e libertação” durante suposta oração de exorcismo.

“Exortamos, pois, a todos os nossos presbíteros que celebrem piedosa e devotamente a Santa Missa seguindo fielmente as normas litúrgicas oriundas do Concílio Ecumênico Vaticano II, contidas na terceira edição do Missal Romano aprovada para o Brasil, sem nada tirar ou acrescentar”, afirmou dom Maurício.

PROIBIÇÕES – Na mesma circular o arcebispo comunica a seguinte determinação: “Seja evitada na Arquidiocese a utilização de expressões tais como: missa das graças e missa de cura e libertação; como também, estão proibidas, durante as missas ou novenas, as práticas de caminhada com o Santíssimo Sacramento em meio aos fiéis, bem como colocar o ostensório sobre a cabeça dos mesmos; interromper a Oração Eucarística, nas palavras da instituição (narrativa institucional), para sair com as espécies do Corpo e do Sangue do Senhor em meio ao povo; para ‘fazer’ profecias em nome de Deus, ou ‘repouso nо espírito’; ou ‘orar em linguas’; ou para realizar orações e gestos de exorcismo”.

Sobre este último ponto, dom Maurício lembra ao clero que o Direito Canônico é claro em afirmar que ninguém pode realizar exorcismo sem a autorização expressa do bispo. “Na Arquidiocese de Botucatu a nenhum presbítero foi concedida esta autorização, nem nomeamos nenhum exorcista oficial”, enfatizou.

RECOMENDAÇÕES – No final de sua circular o arcebispo diz não ter intenção de agir arbitrariamente, muito menos com espírito de perseguição a quem quer que seja. Ele realçou que quer apenas exercer o seu múnus de “zelar pela dignidade da Sagrada Liturgia, pelo decoro da comunidade reunida publicamente para bênção do Santíssimo, cultos, novenas, devoções, assim com pelo bem espiritual e pastoral dos fiéis e do clero”.

Dom Maurício recomendou aos padres para incentivar também os leigos a lerem e estudarem a terceira parte do Diretório Arquidiocesano da Pastoral dos Sacramentos (DAPS), onde estão as orientações pastorais sobre a liturgia, publicação que está sendo distribuída em todas as paróquias.