Investimentos colocam Departamento de Patologia da Unesp de Botucatu na era digital

Equipamento digitaliza lâminas de tecidos (histológicas) e as transforma em imagens de alta resolução que podem ser visualizadas em um computador, tablete ou celular, utilizando um software especializado, e armazenadas digitalmente

Avançar no desenvolvimento tecnológico para o aprimoramento das ações de ensino, pesquisa e assistência à população é uma das prioridades da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/Unesp). Uma das mais recentes conquistas foi a aquisição de um scanner Aperio GT 450 de alta velocidade e precisão para digitalização de lâminas histopatológicas. O novo equipamento faz parte de um grande projeto de modernização do Departamento de Patologia, que já recebeu investimentos de R$ 6 milhões, financiados pela reitoria da Unesp, FMB e Secretaria de Estado da Saúde.

O equipamento digitaliza lâminas de tecidos (histológicas) e as transforma em imagens de alta resolução que podem ser visualizadas em um computador, tablete ou celular, utilizando um software especializado, e armazenadas digitalmente. Essa tecnologia permite análises mais rápidas e eficientes, o compartilhamento de casos, o trabalho colaborativo à distância (telepatologia) e a integração com inteligência artificial para diagnósticos mais precisos.

“Esse investimento nos coloca de novo na vanguarda da evolução e nos permite novas possibilidades. Nos abre um novo horizonte, uma nova perspectiva de desenvolvimento, acompanhando a evolução do mundo na área diagnóstica e de ensino. Contribui para nos manter como centro de educação importante, de formação de recursos humanos de alta qualidade. Para a pesquisa também é um grande avanço. O material escaneado não perde a validade e pode ser facilmente acessado e reavaliado. Isso para a investigação científica é fundamental”, comenta a chefe do Departamento de Patologia, professora Maria Aparecida Marchesan Rodrigues Kobayasi.

Autoridades, docentes, pesquisadores e servidores da Patologia reuniram-se na última terça-feira, 30 de setembro, para celebrar os investimentos que representam um marco na história do departamento. O evento contou com as presenças do diretor da FMB, Prof. Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza; superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Dr. José Carlos Souza Trindade Filho e do ex-reitor da Unesp e atual presidente da Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar (Famesp), Prof. Pasqual Barretti.

Vice-coordenador do Núcleo de Tecnologias Digitais em Patologia (NTDP) do Departamento de Patologia, o Prof. Marcelo Padovani Toledo de Moraes afirmou que mais do que a aquisição de um novo equipamento, o momento é de comemorar o início de uma nova era. “Nós vamos transformar o modo de se fazer patologia a partir de agora. Avançando do processo analógico para o digital teremos a possibilidade de acrescentar novos recursos diagnósticos, que incluem aplicação de algoritmos de Inteligência Artificial, além de outras inovações. Precisávamos ingressar nessa nova era para continuar formando patologistas de alta capacidade e oferecendo serviços diagnósticos de excelência”, comenta.

Ele destaca que a compra do scanner se associa a aquisição de outros equipamentos que garante ao Departamento de patologia os mais modernos recursos tecnológicos para o desenvolvimento de suas atividades. “Além do digitalizador tivemos investimentos nos equipamentos de processamento de lâminas. Temos alguns equipamentos novos, processadores a vácuo de alta capacidade que conseguem fazer o processamento histológico em um tempo muito reduzido. O processamento histológico de materiais pequenos, biópsias por agulha, biópsias gástricas pode se feito entre uma hora e meia e duas horas. No passado esse trabalho levava cerca de doze horas”, compara.

Para o diretor da FMB, a entrada definitiva da Patologia na era digital representa uma quebra de fronteira e traz uma série de benefícios e avanços. “Na medida em que você pode armazenar, trocar, compartilhar cortes histológicos em análises microscópicas em formato digital ampliam-se as possibilidades de colaborações internacionais, dando maior visibilidade aos nossos pesquisadores. Além disso, temos a garantia de melhor diagnóstico para nossos pacientes e tornamos mais objetivo o processo de reanálise dessas lâminas, melhorando a assistência e a acurácia de nossas pesquisas, possibilitando também a construção de bancos didáticos para aprimorar o nosso ensino em graduação, pós-graduação e residência médica”, afirma Fortaleza.

No período em que esteve à frente da reitoria da Unesp, o Prof. Pasqual Barretti destinou R$ 11 milhões para projetos de modernização da FMB. Um deles viabilizou a aquisição do novo scanner digital da Patologia. Outros investimentos foram direcionados para as áreas de simulação em robótica e de terapia celular.

“Acho que esses três investimentos fizeram com a Medicina na área de pesquisa e de ensino conseguisse crescer, se destacar e apoiar fortemente a assistência médica. No caso específico do scanner digital, nós vamos eliminar procedimentos seculares como lâmina de parafina e seremos referência no Brasil, tanto na pesquisa quanto na assistência. Além da perspectiva de firmar parcerias importantes e a possível venda de serviços que deve incrementar a obtenção de recursos voltados à pesquisa dentro do departamento”, declara Barretti.

O ex-reitor fez questão de destacar os laços que o prendem ao Departamento de Patologia da FMB.

“Sempre tive uma convivência muito próxima com o Departamento de Patologia, que já nasceu em um ambiente de excelência com o Prof. Montenegro e Prof. Marcelo. Meu primeiro cargo eletivo foi aqui. Em 1979, eu era um jovem de 22 anos, participando do conselho desse departamento, onde aprendi a trabalhar e reconhecer o seu valor. Não me surpreende essa vibração tantos anos depois, nesse departamento que se confunde com a própria história da FMB”.

Como funciona o novo scanner

A lâmina de tecido é colocada no scanner, que a percorre automaticamente, capturando a imagem em alta resolução. As imagens digitais são abertas em um software que permite ao patologista visualizar, ampliar, fazer anotações, medições e comentários, como se estivesse usando um microscópio tradicional, mas em uma tela. As imagens digitais podem ser armazenadas em um sistema de nuvem e acessadas de qualquer lugar pela internet.

Benefícios

Rapidez e Eficiência:

Acelera o processo diagnóstico, especialmente em laboratórios com alto volume de trabalho.

Análise Colaborativa:

Patologistas de diferentes locais podem visualizar e discutir casos remotamente, o que é essencial na telepatologia.

Acesso a Dados Digitais:

Facilita a análise de casos, a gestão de informações e a integração de ferramentas de inteligência artificial para auxiliar no diagnóstico.

Redução de Riscos:

Elimina a necessidade de transporte físico das lâminas, diminuindo o risco de quebra e o custo.

Documentação de Alta Qualidade:

Garante a qualidade e a reprodutibilidade das imagens para um registro preciso.

Carlos Pessoa

Assessoria de Comunicação e Imprensa – ACI/FMB