Bombeiro Celestino, de Botucatu, escreve texto sobre “Operação Viva Verão” em revista internacional

Celestino elaborou um texto sobre prevenção de afogamentos, expressando todo o trabalho dos últimos 10 anos do programa que já promoveu mais de 600 ações preventivas educativas

Esta semana aconteceu o lançamento da revista “Do Local ao Global: Mudanças Climáticas e Gestão de Risco de Desastre”. Nela o subtenente do Corpo de Bombeiros de Botucatu, Claudenir Celestino de Jesus, colabora elaborando um texto sobre prevenção de afogamentos, expressando todo o trabalho dos últimos 10 anos da “Operação Viva Verão”, programa que já promoveu mais de 600 ações preventivas educativas.

Esse programa realizado em Botucatu, contou com apoio de várias instituições como Corpo de Bombeiros, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Guarda Civil Municipal (GCM), Crescer Seguro, Patrulha da Paz, Secretaria Municipal de Trânsito (Semutran), Comissão Municipal do Turismo (Comutur), Sociedade Brasileira de. Salvamento Aquático (Sobrasa) e Secretarias da Saúde, Educação, Turismo, Cultura e todos os meios de comunicação.

O texto escrito por Celestino está na página 837, sendo que a página traz o trabalho do coronel Antonio Schinda, que indicou o subtenente para escrever o artigo e também relata sobre afogamentos.

Subtenente Celestino

Claudenir Celestino de Jesus nasceu em 1973, na cidade de Botucatu (SP). Sempre ávido pelos esportes, aos cinco anos de idade aprendeu a nadar, fato muito significativo para sua vida dali em diante. Aos 20 anos, ingressou na Polícia Militar de São Paulo, iniciando no curso de Bombeiros. No ano seguinte, já fazia parte do efetivo da Corporação de Bombeiros de Botucatu. 

Celestino, como é conhecido, também é Bacharel em Direito, Tecnólogo de Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem Pública e Técnico em Segurança do Trabalho. Além disso, realizou vários cursos de especialização e treinamentos nacionais e internacionais, muitos deles voltados a salvamento, mergulho e resgate, entre outras áreas. Atualmente, tem participado de campeonatos Brasileiros e Sul-americanos de guarda-vidas na modalidade de salvamento aquático, com provas realizadas em piscina e mar. 

Dedicou 30 anos ao serviço de bombeiro, protegendo e salvando vidas, e merecidamente, encerrou em novembro de 2023 esta jornada na carreira militar com sensação de dever cumprido. Sua trajetória profissional é reflexo de uma vida de responsabilidade, dedicação e amor pela profissão e pelas pessoas que ajudou ao longo do caminho. 

Texto publicado

BOTUCATU: MUNICÍPIO MAIS RESILIENTE EM AFOGAMENTO

O afogamento em meio líquido é um problema de saúde pública que precisa ser entendido e tratado o mais breve possível, segundo a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático – SOBRASA (2019), o número de óbitos por afogamento em nosso país supera os 5.700 casos ao ano, estimados em mais de 100.000 os casos não fatais.

O observatório europeu Copérnicus, relata que: “As temperaturas médias globais durante os três meses de verão junho, julho e agosto foram as mais altas já medidas, ultrapassando recorde de 2023”. Estudos do professor Paulo Artaxo relata que “O aumento da intensidade e da frequência de eventos climáticos extremos está ocorrendo no mundo todo”.

Estudos publicados na revista “Nature Geoscience” mostram que os extremos de calor estão associados à inação global frente à crise climática. Maior calor, aumento da frequência de atividades aquáticas, consequentemente, agrava o risco de afogamentos.

Em São Paulo, por exemplo, setembro de 2024 registrou temperaturas de até 35,1°C, a mais alta do ano, refletindo uma tendência de aquecimento que impulsiona a busca por lazer em ambientes aquáticos.

Esse aumento na busca por lazer aquático também eleva o risco de afogamentos, especialmente entre crianças e jovens. De acordo com a SOBRASA, 41% dos afogamentos no Brasil ocorrem no verão, entre dezembro e março. Esse período coincide com as altas temperaturas e ondas de calor que o país tem enfrentado, como os recordes de calor registrados em 2023 e 2024, que indicam que o verão deste ano será um dos mais quentes da história.

A falta de prevenção, educação e conscientização são fatores essenciais que contribuem para o aumento dos afogamentos, especialmente em contextos de mudanças climáticas e aumento das temperaturas. Quando as pessoas procuram locais aquáticos para se refrescar, sem o devido conhecimento sobre os riscos, a probabilidade de acidentes aumenta.

Afogamentos em áreas isoladas do interior do estado são mais perigosos, pois existe baixa probabilidade de resgate ou apoio médico especializado. Com isso, reforçamos o conceito de que o risco de afogamento está proporcionalmente associado à exposição das pessoas com o ambiente aquático. Como regra geral, os locais onde ocorrem os afogamentos estão relacionados com o aumento da exposição aos riscos relacionados à água (Schinda, 2013).

A educação é de fato uma das formas mais eficazes de prevenção, pois ela pode sensibilizar as pessoas para os perigos da água, ensinando comportamentos seguros, como o uso adequado de coletes salva-vidas, a importância da vigilância constante em áreas com risco de afogamento e os primeiros socorros. Além disso, a educação pode envolver escolas, comunidades locais e campanhas em mídias sociais, promovendo uma cultura de segurança aquática.

Seguindo essa premissa foi criado em 2014, o programa de prevenção aos afogamentos intitulado de “Operação Viva Verão” que é uma parceria entre o Corpo deBombeiros do Estado de São Paulo e diversas instituições visando criar um programa que fosse efetivo na prevenção de afogamento.

A disseminação de informações e orientações sobre segurança nas atividades aquáticas pode reduzir, e muito, as fatalidades causadas por afogamento. A SOBRASA destaca que o afogamento é evitável em 99% dos casos, embora seja erroneamente considerado um acidente inevitável.

Campanhas como a “Operação Viva Verão” buscam justamente promover essa conscientização, preparando a população para que desfrutem do verão com segurança. Desta forma, é possível identificar os riscos e orientar quantos aos métodos preventivos.

Objetivo do trabalho

Demostrar algumas ações do programa de prevenção de afogamento denominado “Operação Viva Verão” no município de Botucatu no Estado de São Paulo, como uma política pública a ser implementada em outras cidades.

Metodologia

Buscando a integração de medidas educativas de prevenção de afogamentos visando a promoção de práticas de segurança na água foi criado em 2014, o programa de prevenção aos afogamentos denominado “Operação Viva Verão” que é uma parceria entre o Corpo de

Bombeiros do Estado de São Paulo através da Estação de Bombeiros da cidade de Botucatu com as seguintes instituições: SAMU; Defesa Civil Municipal de Botucatu; Guarda Civil Municipal; Patrulha da Paz; Crescer Seguro; Exército Brasileiro através do (Tiro de Guerra sediado em Botucatu); Conselho Municipal do Turismo; Secretaria Municipal de Turismo; Secretaria Municipal da Educação; Secretaria Municipal da Saúde; Secretaria Municipal de Cultura; Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA); Liga da Pediatria da UNESP; e a Liga de Suporte Básico de Vida da UNESP.

Através de estratégias simples, seguindo uma agenda anual de atividades, foi buscado aumentar a conscientização da comunidade e, principalmente, promover sua mudança de comportamento, tornando-a mais resiliente quanto aos riscos de afogamento. O alvo principal do programa de prevenção são alunos da educação infantil os quais são instruídos sobre segurança em ambientes aquáticos, pois notoriamente crianças aprendem rápido e são um vetor de reprodução das informações em seu meio social.

São várias estratégias que o programa adotou na área de educação pública, para promover conscientização da população. Através de dezenas ações preventivas, como palestras, exposição de materiais de salvamento em vias públicas, treinamento de profissionais da saúde, treinamento de agentes de segurança pública, treinamento de agentes de saúde, sinalização de áreas de risco de afogamento no município e divulgação do trabalho em eventos científicos.

Com o passar dos anos, novos parceiros foram aderindo às ideias, proporcionando novas atividades que, além de também transmitirem a mensagem de prevenção à população tornaram-se multiplicadores. Dentre todas as atividades realizadas, foi perceptível que a abordagem às crianças foi muito receptiva e gratificante os palestrantes.