O projeto dinamiza as ações artísticas que a Confraria da Dança desenvolve ininterruptamente desde 1996, possibilitando a circulação de três espetáculos de seu repertório em 18 apresentações por 12 cidades do interior e litoral paulista
O espetáculo Carta para não mandar ou Cantiga interrompida, da Confraria da Dança, de Campinas, completa 20 anos de criação e para marcar a data, os artistas estão realizando uma turnê pelo interior do estado de São Paulo. A temporada passa por Botucatu, no dia 21 de julho, domingo, às 20h, no Teatro Municipal “Camillo Fernandez Dinucci”, integrando o Festival de Inverno de Botucatu. A entrada é gratuita e vale destacar que todas as apresentações da turnê contarão com recursos de acessibilidade para os públicos surdo e com deficiência auditiva.
A montagem autoral parte das lembranças da bailarina Diane Ichimaru, nos anos de convivência com sua avó, que foi tomada em seus derradeiros anos de vida pela demência e a doença de Parkinson. A sensação de descontrole e fragilidade do próprio corpo e pensamento foram alguns dos disparadores desta criação.
"Essa obra aborda a incompletude, pois de fato e temos uma falta de domínio sobre o começo, meio e fim de nossos planos e ações, nossa vida poderá ser interrompida em qualquer instante", reflete a artista.
Após 20 anos da estreia deste solo, sua temática permanece em sintonia com o momento atual. Apresenta uma linguagem poética impregnada da teia mestiça de costumes que delineiam a cultura do Brasil, recende a poeira de sótãos e porões, delicados perfumes de jardins de avós. Habita o terreno fértil da memória e do esquecimento, do diálogo interno decorrente do isolamento, do pensamento desordenado, transitório, fragmentário e lacunar.
O Projeto “Confraria da Dança, Repertório em Circulação” é viabilizado pelo Edital LPG SP Nº 20/2023 – Difusão Cultural da Secretaria da Cultura, Indústria e Economia Criativas do Governo do Estado de São Paulo. Em Botucatu, também tem o apoio da Secretaria de Cultura da cidade.
O projeto dinamiza as ações artísticas que a Confraria da Dança desenvolve ininterruptamente desde 1996, possibilitando a circulação de três espetáculos de seu repertório em 18 apresentações por 12 cidades do interior e litoral paulista, contemplando uma diversidade de público, do infantojuvenil ao adulto; além disso, 100% das ações do projeto são gratuitas e contam com recursos de acessibilidade para os públicos surdo e com deficiência auditiva.
Concepção de Carta para não mandar ou Cantiga interrompida
A criação surgiu de um velho vestido herdado da avó da criadora-intérprete. O cheiro de guardado e o balanço da roda do godê despertaram memórias da avó, crocheteira de mão cheia, fazedora de pães, quitutes e compotas, que nos últimos anos foi tomada pela demência e Parkinson. Essas lembranças do declínio físico e mental da avó inspiraram Diane quase duas décadas após sua morte, iniciando seu processo criativo. O tremor descontrolado das mãos, a fragilidade física e a confusão mental daquela mulher transformaram-se em dança e poesia personificadas na artista.
Corpo em transformação completando 59 anos
Diane continua protagonizando suas obras com dedicação plena. Ela busca expressividade através do movimento, modulando vigor e sutileza, e explorando a história acumulada em seu corpo. Envelhecendo, amplia as possibilidades para o futuro de sua dança. O tempo a impulsiona a reinventar-se, sem perder a expressividade. Diane não se rende e busca novos espaços para sua arte, destacando a relevância da dança no corpo amadurecido em cena.
Concepção de cenário, figurino, iluminação e música A concepção de todos os elementos de “Carta…” é pautada pela simplicidade. Figurinos e cenografia, ambos assinados por Diane Ichimaru, foram desenvolvidos entrelaçando-os à direção e criação coreográfica, conferindo um caráter autoral à obra
O vestido, costurado pela criadora-intérprete, ecoa o antigo crepe poá de sua avó, mas feito de malha rendada, pintado à mão em tons furtacor. A iluminação concebida por Marcelo Rodrigues constrói espaços íntimos em recortes difusos passando da cor palha para o lavanda e o âmbar por de sol. Os movimentos de luz delicados fazem com que as transições se façam de forma quase imperceptível aos olhos da plateia.
O compositor, arranjador e pianista Rafael dos Santos compôs a trilha musical especialmente para o solo, que incluiu a sonoridade nostálgica da seresta, a ironia do descompasso no dançante maxixe e o tom sereno e melancólico inspirado pelas composições de Erik Satie. Suas músicas estimulam a ação física da criadora-intérprete através de um jogo de oposições, provocações e cumplicidades com a narrativa poética do trabalho.
Sobre a artista Diane Ichimaru
Vencedora do Prêmio APCA 2009 como criadora-intérprete em dança e fundadora da Confraria da Dança, Diane iniciou sua carreira em 1983 e se graduou em dança pelo Instituto de Artes/UNICAMP. Com formação em dança clássica, moderna, contemporânea e danças brasileiras, também possui experiência em artes plásticas, comunicação visual, ilustração, cenografia e figurino.
Diane desenvolve projetos autorais pela Confraria da Dança desde 1996, criando também cenografia, figurino e Ilustrações. Confraria da Dança Diane Ichimaru e Marcelo Rodrigues fundaram a Confraria da Dança em 1996, em Campinas/SP. Seus projetos direcionados à pesquisa de linguagem, criação e manutenção de espetáculos autorais acumulam premiações da FUNARTE/Ministério da Cultura, Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, Cultura Inglesa, APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte, entre outros.
A dupla promove parcerias com artistas das áreas da dança, teatro, música e artes plásticas, atividades diversificadas de formação e fruição artística que atingem público infantil, adulto e terceira idade, estudantes de arte em processo de formação e artistas profissionais em busca de aperfeiçoamento.
Ficha técnica
Dramaturgia de corpo e palavra
Direção, interpretação e figurino – Diane Ichimaru
Composição e execução da trilha musical – Rafael dos Santos
Desenho de luz e coordenação de produção – Marcelo Rodrigues
Assistência de montagem e de produção – Camilla Puertas
Assistência de produção local – Gabee Laranja, Gu Kenji, Jézz Mota Fernandes, Maíra Miller Ferrari
Registro fotográfico do projeto – João Maria; fotos 2004 e 2005 Ricardo de Oliveira; 2009, 2010 e 2012 fbarella; 2011 Itamar Matos; e 2022; Albert Moreira
Projeto gráfico | Lucas Ichimaru
Consultoria em acessibilidade | João Pedro Acciari
Interpretação em LIBRAS | Verena Teixeira
Comunicação/imprensa | Boas Histórias Comunicação
Produção – Confraria da Dança Serviço Espetáculo Carta para não mandar ou Cantiga interrompida
Onde – Teatro Municipal “Camillo Fernandez Dinucci” Praça Coronel Rafael de Moura Campos, 27, Centro
Quando: 21 de julho de 2024, domingo, 20h
Entrada Gratuita – liberada meia hora antes, respeitando o limite da capacidade da plateia.
Instagram @confraria.da.danca
Capacidade da plateia: 518 lugares
Leila Branco – (19) 98167.7441 leilalemesbr@gmail.com