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Neste final de semana, com diferença de poucas horas, a Polícia Rodoviária registrou dois casos distintos de acidentes envolvendo javalis que morreram atropelados na Castelinho
A invasão de javalis há vários anos vem preocupando o meio ambiente ameaçando a suinocultura. Estima-se que esse animal, que anda em grandes bandos, já está presente em pelo menos 563 municípios brasileiros e vem causando prejuízos na lavoura e acidentes em rodovias.
Durante o dia, os grupos se escondem em regiões remanescentes de floresta ou nas próprias plantações. Há registros de mais de 100 indivíduos em único bando. Donos da mais alta taxa reprodutiva, os javalis são capazes de aumentar sua população em até 150% ao ano.
Recentemente, na região de Botucatu, onde esta espécie tem aumentado gradativamente, ocorreu, com diferença de poucas horas dois casos distintos de acidentes envolvendo javalis que morreram atropelados quando atravessavam a pista da SP-209 Rodovia João Hipólito Martins – Castelinho.
De acordo com o relatório policial o primeiro acidente se deu em trecho do km 7 da rodovia, quando um VW Gol atropelou um javali que atravessava a pista. Já o segundo caso, em situação semelhante ao primeiro, foi registrado no trevo de acesso à rodovia que dá acesso a Pardinho.
Nos dois casos distintos os animais morreram no local. Embora os condutores envolvidos não tenham sofrido ferimentos, os danos materiais em ambos os automóveis foram consideráveis.
O javali é uma das 100 espécies invasoras mais perigosas para a biodiversidade segundo a União Internacional para Conservação da Natureza. Desde 2013 a caça e controle do animal é legalizada em todo o território nacional pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As estratégias para controlar a espécie também podem afetar populações de animais nativos, como a queixada e o cateto, que são confundidos com javalis pelos caçadores.
Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), como o javali e o porco doméstico são da mesma espécie, uma eventual epidemia nos javalis que vivem soltos poderia acometer os suínos de criação, representando um risco à saúde do rebanho. Além disso, quando estão nas florestas, os javalis configuram um risco ambiental porque se alimentam de espécies nativas da flora, muitas ameaçadas de extinção.
Os itens animais presentes na dieta dos javalis em sua forma invasora incluem insetos e suas larvas, caramujos e minhocas, além de anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Aves que fazem seus ninhos no chão são um dos grupos mais afetados pela predação e destruição de ninhos.
Esses animais têm grande capacidade de modificação do ambiente, sendo considerados engenheiros de ecossistemas, trabalho executado principalmente por meio de chafurdamento (comportamento que consiste em remexer o solo com o focinho, criando fossos e buracos) e intensificado pela alta densidade populacional da espécie.
Em número elevado, os javalis podem causar grandes impactos em diversos ambientes, tanto em comunidades vegetais quanto animais. Esse é um dos motivos que fazem com que o javali figure na lista das 100 piores espécies invasoras no mundo, elaborada pela União Internacional para Conservação da Natureza.