Número de feminicídios cresce no interior de SP, sendo que 70% dos casos acontecem dentro de casa

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Dados do Instituto Sou da Paz, com base nas estatísticas da Secretaria de Segurança Pública mostram que o número de feminicídios subiu para 124 casos nos primeiros seis meses de 2024, aumento de 8,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior

 

Apesar da queda geral nos indicadores de homicídios no Estado de São Paulo em 2024, os feminicídios, que são assassinatos de mulheres motivados por misoginia ou violência doméstica, apresentaram um aumento, quando comparados ao mesmo período de 2023.

Dados do Instituto Sou da Paz, com base nas estatísticas da Secretaria de Segurança Pública (SSP), mostram que o número de feminicídios subiu para 124 casos nos primeiros seis meses de 2024, aumento de 8,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O estudo revelou que quase 70% das mulheres vítimas de feminicídios no estado foram mortas em suas próprias residências. As principais motivações para esses crimes são separações e conflitos pessoais.

No interior do estado, o cenário é igualmente alarmante. Em junho de 2024, foram registrados 9 casos de feminicídio, comparado a 5 casos no mesmo mês de 2023. Maio e abril também apresentaram com 11 casos em cada mês em 2024, enquanto no ano anterior os números foram um pouco mais baixos.

Casos de feminicídios no interior de SP

 

2023

 2024

Janeiro

 15

  18

Fevereio

 18

  18

Março

 12

  14

Abril

  9

  11

Maio

 11

  14

Junho

  5

   9

Fonte: SSP

 

Uso de armas

O estudo do Sou da Paz também destaca que o número de feminicídios cometidos com armas de fogo praticamente dobrou no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Foram 27 mortes neste ano, contra 14 no ano passado, um aumento de mais de 90%.

Apesar do aumento do registro de armas em feminicídios, facas continuam sendo os itens mais usados. Tanto em 2023 quanto em 2024, 54 mulheres foram esfaqueadas e mortas.

Segundo o Sou da Paz, o aumento de casos de feminicídios ocorre após o governo de São Paulo anunciar em 2023 cortes no orçamento das DDMs, como são chamadas delegacias de defesa das mulheres. Nesses locais, policiais especializados investigam esse tipo de crime.

 

Secretaria da Segurança Pública

A Secretaria da Segurança Pública divulgou nota na qual informa que o "combate à violência contra a mulher é uma das prioridades" da pasta e tem "distribuído seus recursos de forma estratégica para atender a esse público", incluindo o "aperfeiçoamento" das Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) 24 horas.

"Além disso, outros recursos têm sido investidos em projetos inovadores, como o monitoramento de agressores (contratação de 1.000 tornozeleiras eletrônicas em 2024) e aquisição de veículos para patrulha Maria Penha (Polícia Militar), que somam um investimento na ordem de 4,4 milhões", informa a SSP.

De acordo com a secretaria, "estão previstos investimentos na ordem de R$ 429,6 milhões, sendo que até 2025 cerca de R$ 18 milhões devem ser gastos com cinco projetos que beneficiarão as cidades de Ribeirão Preto, Guarujá, Sorocaba, Mogi Mirim e Itu".