Mães que estejam amamentando e que tenham leite excedente podem se tornar doadoras de leite humano, contribuindo para a salvação da vida dos bebês prematuros

Doação. Palavra que não apenas significa o ato, processo ou efeito de transmitir algo para alguém, mas também é uma forma de alimentar a alma de esperança, tanto de quem doa como de quem recebe. Para muitos recém-nascidos que iniciam sua jornada de vida, a doação de leite humano é um gesto primordial para a construção de um futuro mais saudável.

Neste domingo, 19, foi celebrado o Dia Mundial da Doação de Leite Humano que traz, em 2024, o lema “Amor em cada gota doada, vida em cada gota recebida”, refletindo a importância desta prática na sociedade.

Há 23 anos, o Banco de Leite Humano (BLH) “Marineuza Nunes de Souza” do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), pertencente à Gerência Técnica de Nutrição e Dietética (GTND), proporciona uma melhor qualidade de vida aos pequenos prematuros internados na UTI Neonatal do Hospital e promove práticas de incentivo à amamentação exclusiva para todos os pacientes nascidos no Complexo HC. “Em todo este tempo, vidas foram alimentadas pelas doações de outras vidas, que, gota a gota, fazem a diferença no desenvolvimento de muitas crianças. Isso é muito gratificante para o nosso trabalho”, afirma a médica responsável pelo BLH do HCFMB, Simone Manso de Carvalho Pelícia.

Segundo o BLH do HCFMB, de janeiro a abril deste ano, 51 doadoras se cadastraram e, até a segunda semana de maio, 25 mães realizaram este gesto de amor. Em 2024, já foram coletados 160 litros de leite, uma média de 45 litros por mês, o que ainda não atende totalmente a demanda do Hospital.

“A Unidade Neonatal está solicitando uma média de 65 a 70 litros por mês, então estamos suprindo 64% das necessidades. Por isso, pedimos a todas as mães que estão amamentando e que tenham leite em excedente a se tornarem doadoras de leite humano, contribuindo para a salvação da vida dos bebês prematuros internados na Unidade Neonatal”, enfatiza Angélica Almeida, responsável técnica do BLH do HCFMB.

A importância desta data para a sensibilização da sociedade é reforçada pela Gerente da GTND do HCFMB, Marina Nogueira Berbel Bufarah. “Através do leite doado, os bebês que estão internados e que não podem ser amamentados pelas próprias mães terão a oportunidade de receber os benefícios do leite materno, que são incontáveis, insubstituíveis e de suma importância para toda a vida do bebê. Nosso eterno agradecimento a todas as mães doadoras que, com sua disponibilidade, generosidade e carinho ao próximo, proporcionam estes benefícios”.

Alimentando milagres

Marilaine e Matheus são um jovem casal da cidade de Itaí, pais de Hariel e Adriel, que nasceram de 7 meses. Os recém-nascidos são frutos de uma gravidez gemelar, quando mais de um bebê é gerado simultaneamente, e estão na UTI Neonatal do HCFMB até o fechamento desta matéria.

Para a mãe, a doação de leite humano é fundamental para a vida de seus primeiros filhos. “Nunca achei que fosse precisar deste tipo de doação e saber que existem mães que colaboram é uma sensação muito boa. Os filhos são um milagre de Deus e agradeço a todas as doadoras por este gesto tão nobre”.

Quem alimenta sonhos

Moradora de Pardinho, Amanda Xavier dos Santos é mãe de Bernardo, de 7 anos, e Ana Liz, de apenas 7 meses. Em sua segunda gestação, com uma produção muito boa de leite, Amanda começou a doar já na primeira semana de vida da recém-nascida e continuou a realizar este gesto por 5 meses. “O BLH faz um trabalho incrível, explicando o processo de doação, dando todo o suporte necessário e facilitando ao máximo a vida das doadoras. Só quem doa sabe o sentimento de amor em cada potinho que nós enchemos pois, nele, não tem somente leite, mas também há um amor que cura os bebês da Neonatal que tanto precisam”.

Já a botucatuense Lais Heloisa Mezzena sempre soube da importância do leite materno para o bebê, como profissional da Saúde, e amamentou sua primeira filha, Ana Beatriz, até os dois anos de idade, já pensando em ser doadora. Em sua segunda gestação, este sentimento ficou ainda mais forte.

“Quando o Vitor nasceu, entrei em contato com o BLH do HCFMB, que me passou todas as orientações e se propôs a buscar o leite em casa, o que facilitou o processo. Toda semana, as meninas mandam mensagem para acompanhar e, durante a coleta, sempre me perguntam como estou e quais são as dificuldades, oferecendo dicas e suporte. Essa troca é muito importante e me incentiva a manter a amamentação e a doação. Saber que estou ajudando a nutrir e salvar vidas de recém-nascidos que não podem ser alimentados por suas mães não tem preço”.

Como doar?

Para realizar a doação, a lactante precisa estar amamentando e ter leite em excedente, estar em boas condições de saúde, não ser usuária de droga nem fumante, não usar álcool e medicamentos contraindicados para amamentação, não ter recebido transfusão de sangue nos últimos seis meses e não estar com sintomas gripais.

O leite humano é rico em nutrientes importantes para os pequenos pacientes, principalmente aos prematuros, aos recém-nascidos com baixo peso ou que tenham alergia a alguma fórmula industrializada. Antes de ser distribuído aos bebês, o leite doado passa por um processo rigoroso de qualidade.

Quem tiver interesse em colaborar com o BLH do HCFMB, é necessário entrar em contato pelos telefones (14) 3811-6410, (14) 3811-2828 ou (14) 99799-8289. O BLH fornece o kit para a doadora, contendo máscara, touca, vidro esterilizado e folheto com todas as explicações da doação. Semanalmente, é realizada uma visita domiciliar para retirada do leite na residência da doadora.

Por - Maíra Masiero