Dois novos casos de câncer de pulmão são diagnosticados no Hospital das Clínicas de Botucatu, semanalmente
28/05/2024
Dois novos casos de câncer de pulmão são diagnosticados no Hospital das Clínicas de Botucatu, semanalmente

Especialista aponta que a medida mais efetiva para reduzir o risco de desenvolver um câncer de pulmão é não fumar, evitar a exposição passiva à fumaça do cigarro e, para os tabagistas, cessar o tabagismo o mais rápido possível

 

O câncer de pulmão é o terceiro mais incidente nos homens e o quarto nas mulheres (excluindo os casos de câncer de pele não melanoma), segundo dados nacionais do Instituto Nacional de Câncer. É o tipo de câncer que mais mata homens e mulheres e está entre as principais causas de mortes evitáveis.

No Brasil, o tabagismo está relacionado com 85% dos óbitos por câncer de pulmão entre homens e quase 80% entre as mulheres. Os dados são da Fundação do Câncer e fazem parte de um levantamento que também aponta que cerca de R$ 9 bilhões são gastos anualmente com a doença, entre custos diretos com tratamento, perda de produtividade e cuidados com os pacientes.

De acordo com a cirurgiã torácica e Chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Erica Nishida Hasimoto, “a medida mais efetiva para reduzir o risco de desenvolver um câncer de pulmão é não fumar, evitar a exposição passiva à fumaça do cigarro e, para os tabagistas, cessar o tabagismo o mais rápido possível”, lembra.

Além disso, evitar a exposição a poluentes atmosféricos, como radônio, asbesto (amianto), arsênico, urânio, berílio, cádmio, sílica, cloreto de vinil, níquel, cromo, produtos de carvão, gás mostarda, éteres clorometilados e escapamento de diesel é fundamental para prevenir a doença.

 

Tabagistas

Quando o assunto é uso de tabaco e derivados, não existe uma margem de segurança para o consumo. “Após o uso do primeiro cigarro, o organismo já apresenta alterações cardiovasculares e cerebrovasculares, aumentando o risco de infarto agudo do miocárdio, arritmias cardíacas, doença coronariana, acidente vascular cerebral e morte súbita”, explica Erica.

O tabagismo também contribui com o agravamento das inúmeras doenças respiratórias, gástricas, hepáticas, pancreáticas, endocrinológicas, dermatológicas, imunológicas e psiquiátricas.

No HCFMB, a grande maioria dos pacientes atendidos pelo Serviço de Cirurgia Torácica apresentam alguma alteração em exames de imagem (radiografia ou tomografia computadorizada de tórax). “No caso de lesões suspeitas para câncer de pulmão são realizados exames diagnósticos para confirmar ou excluir a doença. Em média, dois novos pacientes por semana recebem o diagnóstico de câncer de pulmão em nosso serviço”, pontua a especialista.

 

Conscientização

A nicotina é a principal substância estimulante psicoativa responsável pela manutenção do hábito de fumar e com grande poder de causar dependência, por isso é tão desafiador para um indivíduo parar de fumar.

“Em poucos segundos após sua inalação, a nicotina chega ao cérebro e desencadeia sensações de prazer, bem estar e relaxamento. Se por um lado a pessoa que fuma sabe que o cigarro causa malefícios, e que, portanto, deveria parar de fumar, por outro lado eles continuam fumando por serem dependentes químicos da nicotina”, explica Erica.

Ainda de acordo com a Chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do HCFMB, as campanhas de prevenção do câncer de mama e da próstata já estão bem sedimentadas na rotina de cuidado da população, porém faltam campanhas de prevenção do câncer de pulmão.

“Cabe lembrar que o câncer de pulmão é uma doença silenciosa nas fases iniciais, ou seja, quando o paciente começa a apresentar algum sintoma e procura o serviço médico, normalmente a doença já se encontra em fases avançadas, em que a possibilidade de um tratamento curativo é menor”, finaliza.

 

Combate ao tabagismo no HCFMB

Com o objetivo de aperfeiçoar o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), o HCFMB mantém o projeto INSPIRE, realizado mensalmente (um sábado/mês), por uma equipe multidisciplinar, em que pacientes tabagistas ativos ou passivos são atendidos. A ação é desenvolvida pelos Serviços de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital.

Nesta iniciativa os indivíduos são avaliados quanto aos riscos para doenças respiratórias, realizam uma espirometria (avaliação de função pulmonar), passam por consulta médica para avaliação, orientação e abordagem da cessação tabágica e, para os pacientes que preenchem os critérios para o rastreamento de câncer de pulmão, é agendado uma tomografia de tórax.

Além disso, o HCFMB possui atendimento semanal no Ambulatório de Nódulos Pulmonares, em parceria com o Ambulatório de Cessação de Tabagismo da Pneumologia, cuja finalidade é realizar o rastreamento do câncer de pulmão.

Por Vinícius dos Santos

 

Erica Nishida Hasimoto é cirurgiã torácica do

 HC da Faculdade de Medicina de Botucatu


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